Postagens

Mostrando postagens de julho, 2020

Hipo(crê)sia - Classe Alta

    Absurdo é o seu escudo, essa sua veste apertada de hipocrisia barata, que reflete todos os defeitos para não deixar as reflexões entrarem e indagarem quão podre estás por dentro. É essa mania de contatos, de favores escondidos pelos amigos ricos, para disfarçar a miséria de empatia. São os facilitadores, o excesso de computadores, todos os egos que acobertam os seus horrores em troca de poder de morte. As riquezas são feitas pelas precariedades de muitos homens, então precisam do relento para produzir conforto, é a regra da osmose social. Fica melhor para mim assim, pois escolho não me importar para manter as contas para pagar. A miséria não é só física, é emocional, pois adornam em espelho que reflete seu curral, a grande estalagem que garante ao ego o senso de propriedade. Não basta ter uma vida, é preciso exercer seu domínio, sobre os corpos e ninhos, para sentir algum poder em suas mãos. É o grande desejo do hipócrita, controlar tudo o que não tem domínio, para fingir ...

Nó em pingo d'água - É triste estar aqui

Queria deixar aqui Um registro desses tempos De todos os tormentos Das pessoas com falta de jeito Questionaram a empatia Em nome da economia Atacaram gestores Porque acham que pagam horrores Cobranças insanas Pois o que manda é a grana Direitos cortados Pagamentos atrasados Horas não contabilizadas Desprezo na entrada Produção informal Não justifica essa falsa moral Que defende, para poucos, direitos E os que se manifestam são loucos Precisamos deixar-nos abusar Para tentar garantir o jantar

Autorretrato - Decepção

    Fico triste e desesperançoso com a falta, não consigo entender como um ser vem ao mundo com esse tipo de alma. Quem mais conquista são os mais atrozes sociopatas, que jogam com as nossas vidas como se fôssemos estátuas. Quem é que concorda com este mundo em que vivemos? Só mesmo os cegos de conceitos.     Estou com dificuldade de olhar para o lado, pois já não sei mais disfarçar o meu desagrado. Todo dia penso: de hoje não passo. O medo nunca foi da morte, são dos horrores que continuam sobrevivendo neste mundo por sorte. Não consigo entender como o acaso pode ser tão forte para ignorar esses atrozes que definham outras vidas para comer e beber. Eu queria entender.     Não sei mais como pode, desde que cheguei neste mundo, acho tudo um absurdo. Como vocês tem a coragem de se intitularem seres humanos? Não achei conceito que descrevesse com suficiente horror essa sua definição. Não consigo me contentar com meio sorriso, pode ser isso. Viver por inteiro n...

Hipo(crê)sia - Querida

Não me chame de querida, pois eu sei mergulhar no grotesco, mergulho de cabeça e me viro do avesso. Sem jeito, vou mesmo com temor e receio, mas me enfrento, olho no espelho todos os defeitos e me encho de beijos. É devastador, não espero que entenda, adoro um circo de horror. Você tão santa, tentando conciliar as crenças e desavenças, não sabe o que é estranhar o próprio corpo, enxergar um reflexo de uma carcaça, opaca, que esconde um avesso, horizonte. Não me entenda mal, a rispidez é proposital, não consigo ser supérfluo, sou um tubérculo, o desconforto do estéril, e gosto do desconcerto de sempre estar no relento. Aprendi a assumir a minha encenação exagerada, pois tenho uma cara que engana qualquer fulana, pois pareço um belo desejo, só precisam que entendam o quanto compadeço. Mas não entendem, porque mentem. Queria ter essa graça de me contentar com essa mordaça, mas já me despiram no centro da praça, logo eu, tão sem graça, só queriam me fazer de palhaça. Então não me chame, ne...

Nó em pingo d'água - Finanças

Repare Ou cale Um xale Que passe A elegância A ganância Disfarçando a arrogância Para crescer a poupança Repare No preço do tomate Economize mais um vale Vá a pé Ralé A segurança É para quem entende de finanças Repare Quem está no vale O condomínio fechado É muito bem pago Então fique na porta Velando a escolta Pois o carro importado Só passa de vidro fechado

Autorretrato - Castelo

    Você já esteve preso? Não sei se eu te disse, mas morei em um castelo, distante da realidade e dos afetos. Nunca entendi bem, pois me diziam que era maravilhoso, mas eu só conseguia pensar no poço. Não entendia como ousadia, era só uma parte minha que não cabia.     Entendia o silêncio, a escuridão e o eco, mas não queria aquela solidão. A realidade é que sempre estive reclusa, imersa em infindáveis angústias que não caberiam naquele castelo. Tive que trancar para fora, fechar a porta e escolher qualquer lorota para que me deixassem entrar.     A vida naquele quarto apertado foi perdendo o sentido, não havia espaço para trocar nada de lugar, não conseguia perceber que era a minha alma que não conseguia dançar. Faltava espaço, faltava desejo. Vinham impulsos absurdos atrás de novos conceitos, e eu presa junto com o mofo fedorento.     Saí no meio da noite, louca, carregando apenas desejos. Não consigo me saciar neste reino, não sei qual é o meu...

Hipo(crê)sia - Morra

Pare de falar, aqui esses seus pensamentos obscuros não tem lugar, abra um sorriso e comemore o jantar. Venha com um sorriso de morte, pois você precisará de muita sorte para sobreviver. Não é a sua vida que importa, preocupação não é um risco que queremos correr. Doce ilusão, estamos em ano de eleição. Que bom que você é quem vai morrer, fico feliz que possa voltar para o abate enquanto usufruo da minha comodidade por você. Já estava na hora de você ir para a orla, estava me enlouquecendo te ver aí em segurança, acho mais é que merece se foder. Desculpe ser só agora, mas é que fiquei segurando a raiva sem você perceber. Não é justo que possa ficar em casa, a vida deveria ser mais cruel com você, pois para mim foi assim. Aprendi tanto na pancada, por isso sou forte assim, consigo não me importar com mais ninguém. Bem na verdade, você acabou de perceber o quanto me importo com você, pois não consegui sossegar os pensamentos enquanto você não voltasse para o seu lugar de humilhação, cump...

Nó em pingo d'água - O mundo pede alma

Não é calma O mundo pede alma Urgência nas coerências Pois não dá Você que se vá Incongruências Vamos de barbárie Não importam as cáries Pois a boca se cobre E ninguém vê As palavras abafam O som do vento na tv É minucioso E desgostoso O mundo urra Sua dor Sua culpa Não dá para ter calma É preciso curar o trauma Não está bem Nem adianta Não vem que não tem Não serei pilantra Devore Com toda sorte Quem morre Está longe do lote Não deu Desde sempre Não me convenceu Amorfo Seu gorfo Disfarçado no garfo Comendo meu asco Alegrando-se Morre Você No sistema E eu Caio De lancha Na festança Nunca deu Não é de agora Pare com essas horas Não é calma É toda a minha raiva Corroída na palma Escorrida na saia Chega Me deixa Não calo Não falo Mas não é calma É a explosão da minha alma

Autorretrato - Corvo do adorno

    Divida para mim o tempo, pois tenho aqui um pedaço de vida que não se encaixa em nenhum momento, por mais que eu queira, não consigo esconder que nasci nesta vida sem eira nem beira. É um fardo dos que tem poucos cargos, roer a fruta até a semente, mas é a maneira que a vida se apresentou para a gente.     Pode ser que não te faça todo o sentido, mas já me acostumei com os erros de linguagem, faz parte de estar muito perto da margem. Acho que buscar meu reflexo foi um erro, pois quanto mais me vejo, mais percebo que estou longe de pertencer à essa civilização, mas para você só fica uma lista de desapreço com todos esses meus erros.     Entregue-me um pedaço de carícia neste mundo cheio de malícia, pois eu já não consigo diferenciar a nobreza da mão que me estendem. Sempre tive muita aptidão para ler as almas, mas isso não me ajudou em nada, só perdi os juízos tentando falar com algum sentido. Perdi-me no meu umbigo.     Debata-se na sua própri...

Hipo(crê)sia - Apagão

Apagam-nos a história, as descendências, as vozes das minorias, o extermínio do povo oprimido. Estão escondendo a nossa história faz tempo, pois não querem que os condenemos por seus erros. os homens brancos estão acostumados a sair impunes. Não consigo mais entender tanta insanidade. Eles ainda não compreenderam a sagacidade da morte, e continuam tendo golpes de sorte que foram herdados nos seus berços forjados. Continuamos as margens do sistema, excluídos de qualquer destreza. Não temos cartas nas mangas, pois o lucro nos exige os punhos desnudos para fazer o seu trabalho sujo. Escondam os livros, ausentem-se das redes, pois vão querer apagar a sua mente. É tudo culpa da gente, sonhar que o poder serviria para todos os tipos de mentes. O poder foi forjado na podridão humana, só importa quem ganha. Ative o modo sobrevivência, está na hora de garantir mais um dia apenas. Contribua sendo omisso, manifestar-se é perda de juízo. Pois que me cortem as vozes, não serei mais um, omisso, chei...

Nó em pingo d'água - Nem tudo

Foi tudo Foram os bens Foi o mundo Não sei Pode ser agora O erro que calculei Só acho Depois desse fiasco Um meio riacho Bem assim Das águas que passam Apenas pra mim Foi pouco O desconforto Que me deixou um pouco louco Mas sei Mesmo que insano Que um dia encontrarei Com certeza Ou companhia A culpa na mesa Pois dessa maneira Acho que não caberá Alguma besteira Foi quase Nem tudo Por pouco Bem pouco

Autorretrato - Não/Sei

    Vim aqui sem entender direito o porquê. Não sei se é uma constante incompreensão, ou se é uma inexatidão da minha parte, mas sinto uma extrema necessidade que vejam, só que não busco necessariamente que entendam. Fico sendo prolixo nas palavras porque gosto que se percam no verbo, afinal me sinto mais perdido que encontrado, e quanto mais o tempo passa, menos desconforto esse entendimento me gera.     Aprendi a ir me entendendo assim, uma resvalada por vez, mas acho que me adaptei ao chão escorregadio e comecei a patinar, então os sustos que vem são menos frequentes. Não sei, pode ser só ilusão da minha cabeça, pois cada instante parece que sei um pouco menos.     Cogito a possibilidade de estar com a cara limpa, deixando pendurarem os adornos que mais convém aos outros. Já tentei arrancar tudo com força e gritar alto, mas só gastei forças com conceitos desnecessários. Então aprendi a voas baixo, encontrar os errantes perdidos em suas constantes dú...

Hipo(crê)sia - ?

Um pedido de pensão é uma ousadia, mas teu vale alimentação cai em dia. Todas as cobranças são válidas quando vão na direção da galinha, pois o lugar da canja é cozida na cozinha. E disso tudo, você só vê o prato servido na sua frente por essas mãos calejadas que você tenta tanto ignorar, invalidar, desprezar. Cale-se. Como podem falar tantas asneiras, com tanto descaso pela vida. Engana-se se acha que esses conceitos não atingem a sua vida, pode ser na tangente, pela culatra, você pode estar sobrevivendo por hora, mas não se engane, alguma hora a sua hora chega. Enquanto se omite, está deixando tudo acontecer. Consegue escutar o galope dos cavalos?! É a intervenção vindo em sua direção, continue servindo, pois essa é a sua obrigação, você não tem o suficiente para sair desse lugar da humilhação, eu que decidirei o valor da sua vida, pois ela está na palma da minha mão.

Nó em pingo d'água - Aquém

Eu deixei as minhas defesas Para quem convém Apertei-me em belezas Que serviram para ninguém Mascarei as minhas certezas Para tentar ir além E com todas essas conveniências Fui trocada por um vintém Achei que eram audácias Mas estavam muito aquém Todas as turbulências Foram feitas pelos que excluem E a ingenuidade da vez Já não se sabe se foi feita por quem Esconde a sua nudez Ou aqueles que distribuem Sem a menor sensatez Todos os conceitos que usufruem Para tentar alcançar alguma lucidez