Autorretrato - Não/Sei
Vim aqui sem entender direito o porquê. Não sei se é uma constante incompreensão, ou se é uma inexatidão da minha parte, mas sinto uma extrema necessidade que vejam, só que não busco necessariamente que entendam. Fico sendo prolixo nas palavras porque gosto que se percam no verbo, afinal me sinto mais perdido que encontrado, e quanto mais o tempo passa, menos desconforto esse entendimento me gera.
Aprendi a ir me entendendo assim, uma resvalada por vez, mas acho que me adaptei ao chão escorregadio e comecei a patinar, então os sustos que vem são menos frequentes. Não sei, pode ser só ilusão da minha cabeça, pois cada instante parece que sei um pouco menos.
Cogito a possibilidade de estar com a cara limpa, deixando pendurarem os adornos que mais convém aos outros. Já tentei arrancar tudo com força e gritar alto, mas só gastei forças com conceitos desnecessários. Então aprendi a voas baixo, encontrar os errantes perdidos em suas constantes dúvidas. Acho que apenas reconhecemos mais dos mesmos.
Então vim aqui sem propósito, com muitas compreensões parciais, pois acho que isso é tudo o que vou conseguir fazer. Somos tão inteiros que, quando enxergamos a nossa finitude, percebemos que isso aqui é só um instante de passagem, então, sempre que nos identificarmos, estaremos parciais, pois saímos do lugar da identificação, aproximação, distanciando-nos.
Quanto mais penso, menos entendo. Em resumo de tudo, é isso. Não sei mais de quantos instantes somos feitos, ou se cabe a nós a função de se fazer a cada momento. A reflexão é uma perdição, perdemos o tempo e a noção, e não cabe mais moral que mantenha alguma honra. ficamos tentados a continuar nos eternos questionamentos, pois já percebemos tudo o que não temos.
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