Hipo(crê)sia - Querida
Não me chame de querida, pois eu sei mergulhar no grotesco, mergulho de cabeça e me viro do avesso. Sem jeito, vou mesmo com temor e receio, mas me enfrento, olho no espelho todos os defeitos e me encho de beijos. É devastador, não espero que entenda, adoro um circo de horror. Você tão santa, tentando conciliar as crenças e desavenças, não sabe o que é estranhar o próprio corpo, enxergar um reflexo de uma carcaça, opaca, que esconde um avesso, horizonte. Não me entenda mal, a rispidez é proposital, não consigo ser supérfluo, sou um tubérculo, o desconforto do estéril, e gosto do desconcerto de sempre estar no relento. Aprendi a assumir a minha encenação exagerada, pois tenho uma cara que engana qualquer fulana, pois pareço um belo desejo, só precisam que entendam o quanto compadeço. Mas não entendem, porque mentem. Queria ter essa graça de me contentar com essa mordaça, mas já me despiram no centro da praça, logo eu, tão sem graça, só queriam me fazer de palhaça. Então não me chame, nem ouse, pois quando chego causo um certo medo, pois não tenho receio de procurar todas as nuances e emoções, mesmo as que tenta esconder, entendo a necessidade do horror, abraço todos os sentimentos, e com eles vem o grotesco. Não me chame de querida, pois serei a mais sincera amiga.
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