Postagens

Mostrando postagens de maio, 2020

Hipo(crê)sia - Zé Ninguém, josé, joão, maria, ana...

A identidade que você procura já está enterrada na vala. Era o Zé Ninguém, que não tinha um tostão para pagar por um caixão, que se foi em vão. Minha raiva atingiu um novo limite, pois já não consigo conter a minha indignação com todo esse descaso pelo outro, enquanto estendem a mão podre para chorar miséria e apontar para o desserviço da sua egoísta podridão. Essas mesquinharias ficam andando soltas por aí, chutando os outros para a morte. E tem gente ignorante o suficiente para agradecer. Quando vamos parar? Onde vamos parar? Quero estar aqui para ver a reação quando essas raivosas ignorâncias perceberem que muniram a arma que está apontando para a própria cabeça. Cheguei no absurdo da raiva, quero ver a miséria e angústia corroer esse podres de conceito, os Doutores Queremos lucrar com a morte de vocês.

Nó em pingo d'água - Crueldade

Ah doce vida Alma que suspira Quando o vento respira E quando os olhos não abrem Em toda essa dificuldade Lembremos dessa imagem Que alimenta a alma Tão desolada E nos faz consciente Da vida que podemos perder Do que desejamos ver permanecer Para que possamos viver E talvez algum dia entender Como toda essa gente Que parecia tão inteligente Alimentou essas mazelas Com todas as suas ideias Sem a menor empatia Beirando uma analogia Coberta por uma cega raiva Que derrubou a nossa sanidade Com toda sua crueldade

Autorretrato - Capítulo Dezoito - Valeta

    Ah  minha querida! Gostaria de lhe dar mais alguns anos para que talvez você compreendesse o funcionamento deste mundo, mas te vejo cega pela ambição novamente, urrando todos os anseios da sua pobre alma sonhadora.     Gostaria que olhasse com mais cautela para a sua ambição, pois ela não é adequada para este tempo. Na verdade, só estou me referindo aos seus delírios dessa maneira, pois não há quem nos veja, ou perceba, escoradas nesta valeta.     Ter a carreira em destaque, a carteira sem limite de saque, ser reconhecido, essas são reais ambições. Você quer o exato oposto, a tranquilidade de estar em paz com uma alma plena, longe de hipocrisias, das falsas demandas, do ódio mal programado. Isso não existe.     Você não quer depender das estruturas deste mundo, mas não percebe que é onde está a sua existência. Entendo agora, não havia me ocorrido ainda este pensamento, você quer se destruir. Faz mais sentido assim, quer ignorar toda a est...

15/12/14 - S

    Soluce três vezes antes de comprar um pedaço de pão, pois acho o valor da sua vida pode não conter a sua imensidão. Não caia em desespero, pois anjos caídos nunca são bem-vindos. Você pode ser um empecilho, pode estar no meio do caminho... e daí Joaquim?! Sofra a graça de estar vivo, é um dom que nunca te dará abrigo, mas te encantará com a beleza do magnífico, transformará-te em uma leveza, cobiçadamente inútil, conhecedora profunda da escuridão. Poço-te perdão, pois sei que é uma coisa que dás em vão. Queria ter menos honestidade. Depois da beleza com a qual você se mimetizou, não queria ser o desagrado que vai lhe mostrar que ainda é tristonha. Não se incomode! É uma das belezas que mais me convence, uma daquelas que você sente, chorando, com um sorriso. Por mais que estejam te corrompendo, saiba que a verdadeira tristeza é mais bela que qualquer grandeza, minha querida.

30/12/2014 - Agora Pandemia

    Suposições falsas. Preposições cheias de mágoas. Foi-se mais um, e ninguém fez questão de deixar uma ingratidão de lado. Junção de peças precipício abaixo, e mais um indivíduo dilacerado. E ninguém fez nenhuma questão.     Há uma naturalidade mórbida nessas composições programadas, vendidas como ouro, e vindas de um estoque barato. Fica no ar uma falta de compaixão, pois o único sino que ressoa são as marteladas dos mantras de indignação.     Composição desajeitada essa reprodução de lugares, essas cristalizações abandonadas. Falta de peito para encarar um respeito sem moderação. Falta de coração despejar opiniões na velocidade de facadas psicóticas.     Feição treinada a botes e rebotes para uma extrema consideração, falsa encenação, marcada com a marca do desgosto ferido pelo tempo, este amigo destruído.     Então, corrompido, ficamos nesse pedaço de mundo corrompido, jurando dias melhores, implorando por menos mortes. Brasil, 21/0...

Nó em pingo d'água - Saudade

Apague-me das suas memórias Exclua-me das fotografias Escolha aquele ângulo perfeito Corte o defeito Pois o tempo passa E o sentimento se afasta Então começamos a chamar de saudade Tudo aquilo que lembramos pela metade Siga em frente Não podemos ficar preso em nossa mente Não seria prudente Com tudo que sabemos da gente Deixamos essa memorável bondade Para a nossa inescrupulosa saudade

Autorretrato - Capítulo Dezessete - Artesão

       Como o tempo é necessário para a criatividade, aquele tempo de deixar a ideia aflorar, deixar a vontade de criar gritar tão alto dentro de você que é preciso deixar essa voz se manifestar no mundo.      É preciso de tempo para ouvir sua manifestação criativa tomar forma no ar, para se afastar, deixá-la cozinhar e se reformular até que a sua alma esteja se olhando no espelho através dessa obra.      Agora, experienciando a magia desse tempo, questiono-me como produzimos e como a arte é remunerada e valorizada. Produzimos numa velocidade insana, pois temos que criar estratégias, conceitos e agrados a todo instante, afinal, com tanta tecnologia, tudo cansa muito rápido.      Então vejo a minha alma artesã sendo engolida por esse ritmo desumano. Gosto de escrever no papel, usar as mão nas minhas obras, mas não temos esse tempo, pois tem uma geração de crianças vindo entediadas da escola, e uma geração de pais frus...

Hipo(crê)sia - Elite intelectual

Tudo o que é muito chocante, as pessoas dão um jeito de encostar na estante, desqualificar para ficarem com aquela opinião que mais lhe agrada, aquela que afaga o ego com críticas amenas. Para ajudar a manter o status de polidez intelectual dessa elite conceitual. É, essas verborragias grotescas que te reviram o estômago não tem a polidez dos bem estudados, esses questionamentos grotescos que você aponta para todos, sem a menor distinção de respeito, incomoda a panelinha dos socialmente mais aptos. Quem são os pensadores contemporâneos dos trending topics de hoje? Os julgados mascarados das fúteis redes sociais, ou os inteligentes intelectuais que filmam suas opiniões na frente das suas estantes conceituadas com tantos livros. Se o pensamento que você proferiu não veio embrulhado na embalagem intelectual adequada, ele vai ser lavado para qualquer bueiro enlameado, para devolver essa agressividade deslocada para a sua marginalidade de origem. A tristeza do artista de rua só é bonita se ...

Nó em pingo d'água - Temor

Eis que cabe aqui Enfim Um pedaço de mim Entre quatro paredes Que divide uma parte de gente Entre a acessibilidade E a inanidade Nesse mundo em colapso Dividimo-nos em pedaços demográficos Compondo as camadas sociais Dos diversos hospitais Não podemos ouvir os gritos de desespero Pois não seremos mortos no tiroteio Classificados como algo pior que os terroristas Comunistas Reduzo as palavras Então Na esperança Ou descrença De quem já não aguenta Toda essa cegueira Não é mais pavor Apenas temor

Autorretrato - Capítulo Dezesseis - Narrativa

     Vou me interromper por um momento para esclarecer que perdi a minha narrativa já faz algum tempo, essa lógica criativa que me estruturava está de ponta cabeça. Não tenho mais o mesmo ritmo de composição, pois perdi um pouco a noção.      Chorei assistindo um filme de animação, pois me dei conta de que os meus conceitos não eram mais os mesmos, e não percebi como isso aconteceu. Queria ter aquela mesma ingenuidade de sei lá quanto tempo atrás, mas já não tenho a mesma agilidade para acompanhar essa dança.      Tropeço no meu próprio peso, o que agora só me dá a consciência de que danço sozinha. Enxergo todas as minhas armadilhas. Preciso parar por diversos instantes para respirar. A cada segundo que a vida se estende, percebo o quão pequeno o tempo é.      Por isso te avisei já no começo, não me desespero mais com o teu desprezo, aprendi a viver as minhas crises com mais realidade, sozinha, e ainda assim repleta de am...

Nó em pingo d'água - Ministério

Pensei assim Aqui em mim O que vem a ser Resplandecer Uma tomada de consciência Na qual preservaremos a ciência Ou um egoico encarte Que destruirá a arte Fomentado pelos passos raivosos Dos sociopatas temerosos Que com tanta sede de poder Escolhem ensurdecer Seguem assim Para você e para mim Tomando-nos os sentidos Em grandes goles pervertidos Enquanto perdemos a noção Sem a certeza da equação Pois nos roubam as verdades Na desculpa dessa comorbidade Enterrando qualquer alegação Que julguem fora da sua noção Quando sairemos dessa sombra Que a tantos vislumbra E outros tantos desnuda Sem nenhuma conduta

Nó em pingo d'água - Egóico

O que se move Dentro de você Quando ninguém vê Quando algo te comove Qual parte gostaria de esconder Na sombra da sorte Para ninguém ver Ou achar que é seu porte Onde está seu núcleo Cheio de acúmulos No relento, ao léu Ou exibindo seus títulos Quais ações te definem As que sobem pelo calor da emoção E te explodem como um vulcão Ou as que te implodem Quando olha no espelho Onde vai parar Num belo mar Ou caído de joelhos

Autorretrato - Capítulo Quinze - Suicídio

     Nunca conseguiremos estar exatamente no lugar do outro, por isso pode ser tão difícil para algumas pessoas entenderem o processo de outras. É assim que distâncias emocionais são construídas com os parâmetros da guerra fria. Chegar ao fundo do poço é uma jornada solitária e infinita, pois a cada dia você descobre um novo limite. O que acontece com quem não entende?! Será que mente, ou se esconde ausente?!      Temos âncoras e balões. Você pode estar sobrevoando essa angústia toda até o combustível acabar, ou até o vento mudar. Às vezes o que te levantava pode ter te levado muito longe de onde você já esteve, e você provavelmente não vai mais saber as referências de viver quando descer. Pode ser que por um tempo você consiga só sobreviver, cedendo aos impulsos da gravidade. Grave mesmo é quando não encontramos nada para segurar e tentar nos levantar.      Algumas âncoras dão a sorte de cair no mar, e encontrar suas profundezas, e, na m...

Hipo(crê)sia - Entenda

Entenda: sua escolha individual tem consequências coletivas. Sempre. Elas podem ser estrondosas, cabulosas, ou podem alimentar esse contínuo sistema econômico. Não tem escapatória, ou está na cruz ou é o diabo. Ouço diversas demências aos berros invocando o coletivo absoluto, apontando uma arma na cabeça dos que não concordam. Vejo familiares e amigos com essa viseira de ódio e o dedo no gatilho; e já não é mais no sentido figurativo. Somos diversos, mas essas viseiras limitam aos que concordam e os que merecem morrer. Simples: matar ou morrer. Escolha a sua pobreza.