Postagens

Mostrando postagens de março, 2020

Nó em pingo d'água - Entressonhar

Pensei em todas as coisas boas E me disseram que era sonhar Passei por diversas tormentas E me disseram que era o preço a se pagar Fugi para outras vidas E me julgaram por tentar Voltei cheia de feridas E quiseram me expulsar Então fui só com a passagem de ida E esperaram que eu fosse ficar

Autorretrato - Capítulo Sete - Entressonhar

        Deixo aqui mais um pedaço do meu devaneio, talvez uma parte irrealizável da alma, ou uma corrida interminável até o poço dos desejos. Não encontrei mas lugares para onde eu poderia ir, onde caberia a insana vastidão que existe em mim; então me perdi.         A maioria nem percebe. Pode ser que o instinto de autopreservação me ensinou a disfarçar essa necessidade de fantasiar com umas piadas sem graças, assim parece um pouco mais aceitável, ou perdoável.         Enfim, fui por mim e deixei toda essa paisagem me guiar. Acredite, não é tão simples, pois estou sempre um uma corda bamba entre ir longe demais ou me sufocar de tanto esperar. Tentei me negar e sufocar, mas só piorou essa vontade de navegar. Então vim por mim.         Pode ser demais para muitos encarar a própria loucura, mas deixei ela ser a minha força. É algo que conto para ...

Hipo(crê)sia - Entressonhar

Fique aí se desperdiçando. Por mim tanto faz. Gaste todos os seus pensamentos, quem sabe assim sua mente tumultuada não fica vazia. Talvez assim você se esvazie e deixe de ser tão cheia de si, pois é uma ousadia querer ser humilde, honesta e completa. Fique se enganando com todos esses cenários, só te faz a rainha dos hilários, prima dos otários.

Nó em pingo d'água - Pânico

Queria um pedaço de caminho Mas me deram um cantinho Inventei as mais fabulosas aventuras E me tiraram do ninho Fui então ser passarinho Me perdi nas alturas Como um bom mocinho Não desviei do caminho E acabei com desventuras Ninguém soube entender Que o ninho que construí Não cabia a ninguém entender Então sumi

Autorretrato - Capítulo Seis - Pânico

        O telefone toca e sai de mim toda a paz e centramento que fiquei como uma louca construindo e empilhando pelos cantos. Parece   que não foi base suficiente para manter lá fora a loucura. O coração já estava com sua convulsão em andamento, e só me restou dar um alô.         Senti você se aproximar suavemente. A cada dia te via parado em algum lugar mais próximo. Queria chegar mais perto e perguntar se vai me encontrar novamente, mas se esse momento chegasse a acontecer sei como vai terminar. Vou ficar aqui então, paralisada a te olhar.          Estou abismado como saí de um instante tão fabuloso para esse sentimento horroroso. Queria por um segundo que tudo inexistisse. sinto que só estou tendo breves momentos, não consigo me segurar em nenhum lugar, não consigo parar essa queda livre de emoções. Quero independência e um berço para repousar.     ...

Hipo(crê)sia - Pânico

Pode esperar que em algum momento ele vai chegar, afinal é o mal do nosso tempo. Embora ele ainda não tenha sido classificado assim, o que eu acho que é só uma questão de tempo, ele é uma doença virtual, pois se alimenta de toda essa lógica gestual surreal.

Nó em pingo d'água - Consciência

Qual a boa nova Da humanidade que te assola Seria pecado Mandar um recado Ou será melhor Fazer muito pior E despir o ridículo Acho que nem é preciso O que estamos vendo É que o limite tem preço E não existe bom senso Que salve nossos defeitos Seria bom escrever um inciso Para lembrar a história do perigo De ter a mente grudada no umbigo Só quero saber a hora De mandar a estupidez embora

Autorretrato - Capítulo Cinco - Consciência

        Gostaria de vir com boas notícias, mas infelizmente a situação do mundo está pior que a sua mente. Sei que está tão desolada que nem se importa em falar, estou aqui fora sozinha a me desmoronar. Acho uma falta de respeito sua me ignorar!          Continue fingindo que estou fora de mim, está ótimo pra mim. Basta uma palavra atravessada que você já fica assim, muda, calada, trancafiada no próprio desespero. Ou na própria raiva. Não me importa, falarei por mim.         Vou continuar te incomodando, mesmo que você não mereça o peso que trago, saiba que sou um golpe bem dado. Todos me procuram pelos motivos mais nobres, e no momento em que encaram a podridão de si mesmos me mandam embora. Acham que só vou revelar as coisas boas, mas não são essas que precisam ser descobertas.         Hoje eu fico por aqui mesmo, do lado de fora. Espero-te ...

Hipo(crê)sia - consCiência

Lá vem o bonde dos que dão para trás! Arrastando toda a corja de cegos desavisados. Pelo menos a podridão foi alastrada para o lugar das coisas importadas, então o que importa é seguir a realeza com a cara lavada. e para quem se enojou, só resta vomitar no próprio planeta. Quanta desfeita! Zombar da minha ementa. Vamos ver quem mais vai te ensinar sobre a demência.

Nó em pingo d'água - Ínfimo

É meu amigo Fique aí em seu abrigo Pois a falta de noção acabou de ligar Ela só queria te informar Sobre o absurdo do desespero Seu maior triunfo e desfecho É o desespero de todo mundo Incluindo dos sóbrios Que não vão se calar E dos estúpidos que rasgarão elogios Estamos todos perdidos

Autorretrato - Capítulo Quatro - Ínfimo

        Pois é, falhei. Eu sei que você esperava mais, que achava que seria uma experiência vasta e maravilhosa. Acontece que eu levei o vasta ao pé da letra, talvez foi isso que te ofendeu.         Para ser vasto busquei todos os sentimentos, todos os julgamentos, então só queria lembrar que maravilhoso é uma questão de opinião. Sim, é decepcionante, mas eu não inventei nada, alguém precisou sentir algo primeiro, ou ser algo por inteiro. Eu só fiz uma busca primorosa.         O maior obstáculo é justamente a vastidão, pois sempre vai ter algo diferente contradizendo os próximos que se identificarão em similaridades.         É assustador, eu sei. Nunca haverá uma real verdade, é por isso que nos encaixamos em alguns parâmetros. Aqueles que buscam nada em si mesmos usam seus gritos autoritários para tentar invalidar os outros, cheios de si mesm...

Hipo(crê)sia - Ínfimo

Ridículo, seu absurdo estapafúrdio! Nem sei por onde começar de tanta incredulidade que me assola neste momento. Mesmo com todas as barreiras lógicas possíveis, já me irrito só de começar a pensar, pois isso já foi há muito tempo atrás. Já foi o ódio, a cegueira, o absurdo e os panos quentes. E ainda existem as imbecilidades ambulantes que ficam tentando mudar de assunto, querendo jogar a própria culpa para o outro lado do muro, afinal é tão absurdo que essa covardia pode até passar despercebida. Quem sabe assim eu não consigo me livrar da imbecilidade que me toca! Agora tenho que ficar assistindo essa corte absurda para a personificação da fragilidade humana, pois a única coisa que consegui ver foi o ridículo ego ferido do mais ínfimo ser vivo.

Nó em pingo d'água - Vício

Foi no atravesso e no solavanco Criei-me de desprezo E rugi em vão Cuspi em quem me deu a mão Só para mostrar o meu orgulho Fui tão avarento Que acumulei tensões Com a intenção de ser feliz Fui um mero atravesso Que no solavanco Só conheceu o desprezo

Autorretrato - Capítulo Três - Vício

        O coração começou a palpitar antes que a mente pudesse fazer alguma lógica daquela emoção. Pensei por um instante que eram apenas julgamentos, afinal nada tinha efetivamente acontecido. Como saber o limite da realidade e o das nossas invenções julgamentosas?         Estava sem suporte, tentei buscar ajuda, mas a vida estava me pedindo para lidar sozinha com aquilo. Maldito isolamento! E lá fui eu, querendo simplesmente não existir, querendo ser responsável apenas por mim. Não é assim que a vida funciona sua boba! Os seus traumas vem de berço, e é assustador enxergar isso.         Estava eu no meio da guerra fria, entre o vício e o feminino, maldito feminino herdado que habita em mim! Só queria estar tranquila. Surpreendi-me com o que consegui fazer, cheguei pisando no chão cheio de cacos e coloquei tudo para fora da casa, e para dentro da alma. Não sabia se era ódio ou tr...

Hipo(crê)sia - Vício

Faço agora uma nota de repúdio ao vício, esse infortúnio invisível para si mesmo, apenas para quem já se ensurdeceu com os gritos do seu próprio desespero. A questão é que ele definha tudo o que está por perto, até que não exista nada que ele não tenha tocado. Seu ódio, seu orgulho, seu pecado, sua alma, seu trauma, seu retalho. Ah seu verme repugnante! Estou impregnado em desespero, do jeito que queria, e você veio e esfregou em mim meu mais odioso defeito, meu silêncio. Se pudesse te tocar te esganaria! Ficou rindo da minha euforia assustada e comedida. Juro que terá volta! Nem que eu esteja morta!

Nó em pingo d'água - Na ponta dos pés

Cadê você Que atravessou mares E olhou pelas marés À ponta dos seus pés Onde está lá Que me deixou sem norte Faltou-me suporte Por um pedaço de sorte Quem veio Que me trouxe desejos Mesmo que por devaneios Sem nenhum receio Cadê meu beijo Que veio sem empenho E me olhou no espelho Com meus tormentos Quem foi lá Que teve o porte Para testar a morte E ainda permanecer forte Onde você vê que o tempo é uma escassez Pelas marés Ou pela ponta dos seus pés?

Autorretrato - Capítulo Dois - Demência

        Eis a urgência que me vem, de mais uma vez, de pelo menos por alguma vez ser o bocado que me faz refém nesses dias de selvageria, aquela parte que não me cabe e fica na espreita, de qualquer mureta, seja por menos que uma tormenta, ressurgindo como uma tristeza.        Queria que fosse de mais beleza, ou de menos ensejo, mas não contenho mais os meus pesos nesses momentos. Dividi em partes, e o que coube nos entremeios foi o que me veio nos momentos de desespero.         E venho agora aqui, recolher-me com desespero, pois me deixei vazar pela superfície, escorreu pelos poros aqueles desejos insanos que já não ouvia mais. só me deixei calar, sem forças para responder, e estou aqui mais uma vez.         Não fugi, não me desesperei, já aconteceu mais uma vez, essa urgência que me rasga a calma, e se espalha como uma besteira, dividida em asnei...

Hipo(crê)sia - Suave

Será que é aceitação lidar com o que tenho, ou é comodidade? Aceitei tudo o que era, e me abracei com força para acalentar todos os meus defeitos, e acariciar todas as minhas dificuldades. Foi um longo e árduo caminho, mas consegui me olhar no espelho, consegui ter um pouco mais de carinho. Parece um egoísmo hipócrita sem tamanho. Depois do aparente caminho feliz, encontro-me na beira do abismo, perguntando se é aceitação ou comodidade, enxergar o que não sou é limitante ou libertador?!   Achei estar num momento de libertação de moldes e parâmetros, mas agora vejo instantes de limitação. Como saber do que sou capaz? É uma linha muito tênue e desafiadora, pois a cada segundo não se é mais, e todo instante, a única coisa que nos resta é ser, simplesmente ser. Já percebi que não adianta analisar a paisagem à frente, pois ela sempre está um passo à frente, nos resta apenas admirar cada instante que desprende de você ao te preencher. Que vida mais esquisita! É impossível saber quem ou o...

Nó em pingo d'água -Trem

Eis que vem Quem tem e quem diz amém Os bem dotados de infortúnios E os calejados de felicidade Aqueles que usam as mãos para direcionar E os que tem as pernas para caminhar E nesses passos estapafúrdios Resta-nos as realidades Dos que foram sem acrescentar E dos que simplesmente deixaram de estar Sem ao menos amar

Autorretrato - Capítulo Um - Com amor

        Pegou-me desprevenida, como me cai no colo mais essa ferida?! Achei que tivesse forma definida. É por isso que brilha a serpentina. Você me destronou, e agora, como fica a minha serventia?! Afinal, você é das minhas.         Sabe, foi bobagem minha, mas por um momento achei que já te conhecia, é claro que não contei com a sua ousadia. A realidade é que continuei ingênua enxergando a humanidade que coloquei em você, achei que lhe cabia, mas foi só de mentirinha. Achei que você era alguém, mas hoje entendo que é a personificação, pode estar onde bem entender e foi isso que me quebrou as pernas, essa sua beleza inescrupulosa.         Até olhei, mas não fiz força para te enxergar, não achei que se desdobraria em mil faces para me pegar. Estávamos lado a lado, era o que você tentava me mostrar, e mesmo enxergando a incongruência, quis acreditar em ti.    ...

Hipo(crê)sia - Ainda

Você chegou até aqui, e o que importa?! Você fez tudo isso, e quem se importa?! Você deixou tudo isso, e para que se importa?! É a somatória de todos os segundos que constroem os pesos que destroem a sua alma?! Como você permanece em um tempo que já se foi, se é que essa possibilidade existiu em algum momento. E se todo o seu peso te movimentar, ao invés de afundar? Cheguei em um ponto perigoso, olhei para baixo e vi quão alto estou, e isso gerou um misto de segurança e insatisfação, e o perigo é se apaixonar pela vista que está embaixo e esquecer do que pode vir de cima. Cheguei a um momento em que o tempo se mostrou insignificante e relativo, mas tão necessário, que me pergunto que diferença faz onde estive. Tornar-se consciente é uma irritação profunda, pois é um estado que nunca finda, a única diferença é que você se torna eternamente responsável por você mesmo, e todas as desculpas inválidas. Ficamos buscando por um perdão necessário, já que jamais alcançaremos nós mesmos, e a...

Nó em pingo d'água - Fada do bom senso

26/07/2017 Ah, pequena fada do bom senso Tire de todo jeito aquele percevejo Do meu tamanco e do meu queijo Pois você não faz ideia do que penso Aproveite, querida fada E aumente o tamanho da sua saia Pois não adianta ficar aqui de maracutaia Chamando-me de mimada Ah querida fada, só mais um favor Saia dessas cabeças indecentes Que já nem sabem quem mente E deixe-as ver como anda o horror Pequena fada, não deixe seu caminhar ser estrangulado Por essa gente enfurecida Ou pelo que acha ser a sua sina Apenas saia do meu lado Pois quero ficar menos desapontado Mesmo no meu fim desesperado

Autorretrato - Capítulo Cinquenta e Três - Findei

26/07/2017         Não coube em perspectiva mais essa parte de mim. A única pergunta que fizeram foi o porquê de levar tanto tempo, não podia ter sido antes? Minha mente se despedaçou umas três vezes antes de recolher os meus pedaços que joguei no chão.         Eu queria ter visto nada, ter aguentado intacta, mas fiz a honestidade de me jogar no lixo, antes de ter dado o fim. Deveria ter sido racional e pensado em mim, agora meu amigo, sigo sendo o bode expiatório, a traidora.         Já havia anos que a minha mente obsessiva vinha acumulando ideias, pois no final das contas eu sabia o quanto estaria machucada, já estava. Não dava para ter sido antes, eu jamais conseguiria, precisou ser drástico e repentino, foi o melhor que consegui fazer, de nada.         Quando o chão saiu dos meus pés meu coração ficou doídamente mais leve, cheguei no fund...

Hipo(crê)sia - Breu, camafeu

26/07/2017 Cabe a mim, ser imparcial; mas que ruidosa imperatividade! Não cabe em mim mais nenhum pingo de maldade. Sabe que o seu rabo está preso debaixo da porta do prefeito?! Como então que vai mudar o mundo camafeu, se estão te comendo vivo?! Deixe esse trejeito, e venha direto no meu peito, sem adeus, permaneça no breu. Assim espero que seja, que assim seja o que espero.