Poetisa-me

    Quem foi que fez as perguntas? Quem foi inconveniente o suficiente para não se calar? Foi essa que quiseram calar? A que disse e desdisse do próprio mundo, da própria beleza, aquela que se desfez das fraquezas, e queria que não se incomodassem com a sua dissolução? Deveria ter desaparecido por completo então.     Foi no momento em que percebi que o questionamento que fazia não cabia na agenda da vida que todos viviam, que vi que precisava me retirar, em alguma medida, não interessa o que saberiam, precisei criar uma vida escondida, uma que coubesse na imensidão que sentia, que fingisse o suficiente para se manter viva.     O que ninguém me contou é que existia uma vastidão de universos escondidos pelos cantos, quase que falta esconderijo para eu poder fugir. Parece que tem uma necessidade urgente em um certo tipo de gente, nessa gente que não se aguenta, precisa ficar criando coisas, e cada vez mais coisas, e tem hora que falta espaço, mas a vida não te...

Ó Só pra dizer que passei aqui Ó Só pra ter interjeição  Ó Para uma pequena suspenção Ó Para essa parte de ti Ó Só pra criar a ilusão Ó Só pra quem mente Ó Para dizer o que sente Ó Para quem perdeu a noção Ó Só pra se dizer crente Ó Só pra incluir a imensidão Ó Para quem nunca quis inclusão Ó Para essa gente que mente

    Até cansei de escrever, confesso, cansei de me importar e de querer fazer a diferença, mas isso tudo foi tarde demais, então meio que não sabia fazer de outro jeito. Eu sei! Incompetência a minha! Deveria ter feito alguma coisa melhor da vida, mas é que nada parece muito suficiente pra esse tipo de gente que fica cuidando da vida da gente. Aí chegou num ponto que mais cansei do que me estressei, então que fique essa falsa sensação de realização para quem se importa com a polidez que vai mostrar. Teve quem gostou demais da minha tristeza, e achou que me manteria em algum tipo de controle se alimentasse todo esse desastre. E teve quem só se incomodou com todo esse jeito cheio de defeito, como se fosse mudar alguma percepção que não fosse a sua, com outro tipo de controle. De qualquer maneira, ninguém estava satisfeito. Então continuei fazendo o que estava fazendo, já que não aprendi nada direito, fui escorregando pelo lado torto da vida. Gostaria de dizer que vai ser ótimo a...

    Estava caminhando com um constante sentimento de fracasso, como se fosse possível falhar em todas as instâncias da vida, pensando que tudo poderia simplesmente congelar naquele instante que nada mais importaria. Importei essa ideia de algum lugar que queria pausar a vida, que achava sua inconstância alguma desmedida incabível nessa concepção da vida.     Falhei mais uma vez, aquele retorno inesperado dos fatos dividiram a mente entre a falta de esperança e a criação de uma ilusão em que todo o conceito de mundo inexistisse, como uma loucura disfarçada de excesso de sanidade, quando na verdade é apenas um acumulo de tristezas e realidade. Qual será o próximo passo se nenhuma direção parece conter esse desespero com algum amparo? Nem que seja relativo, nem que seja passageiro, não existe esse desejo.     Então, não sei bem quando, tudo foi ficando tão pesado que murchei, esvaziei-me de mim mesma, e acabei esquecendo de falhar, abandonei esse conceito...

Estava pensando esses dias Demais na vida De um jeito que não sei se tem despedida Estava levando muito em consideração Como se só tivesse um tipo de emoção Como se eu conseguisse ter algum tipo de noção Estava entendendo demais E não queria nada a mais Mesmo quando me disseram capaz Estava querendo muita coisa Até querer nada E o conflito foi se pegava ou largava Estava esperando todo mundo Mas ninguém está pronto pra se enxergar no escuro Como se fosse melhor ficar em cima do muro Estava na contra mão E achei muita satisfação Mesmo com toda a confusão Estava vagando por aí esses tempos Como se nunca tivesse sentido medo Como se soubesse que alguém está por perto Estava aceitando caridade Mas não como uma alma desprovida de qualidade Mais como uma oferenda da realidade Estava por aí despreocupada Porque já não acho mais o que me deixa perturbada Já que todo dia é a mesma calçada Estava esperando uma decisão Até entender que não Até decidir parar com essa ilusão

    Faz um tempo que já desisti dessa ideia de sucesso, essa padrãozinho que todo mundo fica viralizando nos perfis sociais. Desisti pela simples vivência da realidade, então entendi que só poderia ter sucesso se fracassasse. É engraçado mas é isso mesmo, não sei mais contabilizar quantas vezes eu ouvi o sucesso que era, todo o potencial que tinha, na mesma sentença que se referia a algo que não estava fazendo, ou não pretendia fazer. Parece que é algum tipo de controle, eu digo que você é uma pessoa maravilhosa, que eu enxergo esse potencial, mas você não parece estar enxergando tão bem. Curioso né? É uma coisa meio, você deveria fazer o que eu acho que deveria fazer com tudo isso aí que você é... Mas o potencial talvez seja a manifestação contrária do que você pensa. É um falso elogio, ou talvez um elogio raso, com uma limitação do que se enxerga. Não sei nem se consigo explicar, mas quando penso nessas vezes as quais me refiro, foram vezes em que me senti um fracasso, como ...

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    Coloquei aquela música favorita, de um tempo atrás, o suficiente para sentir nostalgia, para pensar que a vida não volta atrás, ela perde a mochila e continua como se não guardasse nada do que realmente queria. Talvez eu saiba ser exatamente como a vida, quando lembro das várias versões de mim mesma que deixei por aí, como se não importasse cada despedida.     Acho que aprendi melhor a dizer adeus, a deixar ir um pouco mais rápido, ou foi só eu que saí mais rápido. Sinto as duas coisas, como se conseguisse saber muito antes que aquilo já não vai ser suficiente, e aí só deixo o tempo acontecer. Sinto que estou em algum lugar secreto das emoções, pois sei que em algum momento aquilo tudo vai se desfazer.     Pode ser que eu tenha perdido muito tempo, então preciso compensar um pouco. Fico só a espera do momento certo. Chegou um ponto em que só acho engraçado, disseram-se estar no tempo errado, desperdiçando as possibilidades da vida, mas eu achei um ferid...

Mudei meu nome tarde demais Aí ninguém quis acompanhar mais Deixei todos os dilemas Mas todos gostavam dessas cenas Parei de duvidar de mim mesma Mas ninguém gostou dessa certeza Esperei a minha vontade Só que todos preferiam a vaidade Soltei a minha insanidade E quiseram minha cabeça cortada no mármore Então deixei de enlouquecer Mas o silêncio que encontrei, parece só a mim pertencer

    Coloco pra repetir aquela música, até me dar nos nervos, até não consegui mais ouvir. Parece uma compulsão, descubro um som que estou gostando de ouvir e parece que alguém aqui dentro sabe que não existe nada na vida que dure tempo demais, quando você tiver tempo de se dar conta do que está acontecendo, já vai querer tudo diferente. Então aproveito o momento de apreciar o que não vou mais apreciar tanto assim daqui a pouco. É a vida compulsória. Depois disso preciso me afastar por um tempo, e quando retorno percebo que gosto do que eu gostava, mesmo sendo um eu completamente diferente, não sei ainda se isso dá uma sensação de tristeza ou satisfação. É ridículo, que nem o resto da vida, a gente fica querendo não estar no mesmo lugar, mas tem medo se mudar, mas se joga de cara e se atropela na navalha, e percebe que bom mesmo era quando nem sabia que era bom. Acho que é uma venda casada, vida compulsória e insatisfação alienada. E te digo uma coisa meu amigo, se você quiser ...

    Teve um tempo em que eu contava capítulos, jurava que fazia alguma progressão da vida, que chegaria algum momento em que dividiríamos os capítulos, que olharíamos para tudo e diríamos: pronto! A obra prima foi feita, chegamos no ápice e agora podemos descansar. Mas pelo que vejo agora essa hora nunca vai chegar.     Pode ser um descontentamento de artista, nunca será a obra prima, isso só vai dar para saber na morte, é preciso catalogar tudo antes de tomar alguma decisão dessas. E não adianta tentar morrer antes do tempo, morte poética não conta, imaginação não vale para alguns conceitos.     Deixei-me perder a conta por um tempo, escorregar no próprio devaneio. Acho que deveria ter lutado com mais empenho por algumas coisas, mas eu cansei antes do tempo, entreguei o jogo ainda com as cartas na manga, cansei desse tipo de vida. Será que esse cansaço cronico é de nascença?     Teve alguma vez, eu acho, que achei demais e me atropelei. Mas ...

Explica pra mim Que eu já não entendo mais Quem foi que disse ser assim Se era querer demais Ou se era a prévia desse fim Mas me explica aqui Porque não consigo entender Como você se justificou depois que parti Pra quem disse que eu estava a enlouquecer Se realmente não sabem o motivo de eu estar ali Diz com sinceridade Porque eu não compreendo Quem fez essa maldade Quem foi mais egocêntrico Quem é que precisava dessa sinceridade Fala-me a realidade A gente nunca quis ter volta Foi um mergulho na insanidade Um acumulo de revolta Com a nossa própria integridade Explica pra mim Quando eu disse isso aí Mesmo não querendo o que fosse dizer, enfim Achei que entenderia a culpa que recai Achei que reconheceria que tracei um fim

    Olha, jurei que não ia me irritar ein, mas não está dando. Nossa, esse excesso é algo que é muito difícil para eu tolerar. É um exagero, um "preciso cada vez ter mais", que acabam tendo mais de nada mesmo. Como pode ter gente acumulando tanta miséria, julgando a compra alheia, querendo cada vez mais da própria asneira. Já faz algum tempo, mas preciso te dizer, estou tendo dificuldade em comer. Tem gente que vem com com a própria pequeneza, querendo que eu engula a sua noção de tudo, mas não vai dar pra saciar a fome que tenho. É muito mais, e muito menos. Mas não dá para satisfazer a própria miséria se os outros se sentirem ricos demais, se estiverem contentes demais, é preciso mais insatisfação, então vem esse bando de gente alimentar essa falta de decisão e comprometimento com a própria felicidade. Digo-te agora e já afirmo para mais uns bons anos, ser feliz é a maior ousadia que você pode fazer. Vão querer te convencer de que você precisa de outra coisa, mas permaneça ...

    Elaborei um relato preciso, achei que estava em algum caminho, mas ultimamente parece que tem uma coisa esquisita com a mente, não dá pra fazer tanto sentido, tem coisa que sempre sai um pouco atravessada, esquisita ou desengonçada. Acho que desaprendi um pouco a viver nesses últimos tempos. Já gastei tanto tempo contando quantas linhas seriam suficiente para um parágrafo, que acabei esquecendo de todo o contexto. Será que a gente sabe o contexto que está vivendo?     Está sendo fácil esquecer, deixar o dia sumir e a noite esvaecer, esperando alguma coisa que a gente nem sabe mais dizer. Estava esperando muito coisa, mas sempre estou, querendo o que ninguém acha que quer, mas o tempo sempre vem dar uma desajeitada na gente, mostrar que dessa vida, a gente sempre vai ser mais inexperiente. As vezes gosto de colocar mais e menos junto na mesma sentença, só pra dar uma risada silenciosa na própria mente.     Se alguém estava muito certo de alguma coisa, ac...