Autorretrato - Era alguma vez, eu acho
Teve um tempo em que eu contava capítulos, jurava que fazia alguma progressão da vida, que chegaria algum momento em que dividiríamos os capítulos, que olharíamos para tudo e diríamos: pronto! A obra prima foi feita, chegamos no ápice e agora podemos descansar. Mas pelo que vejo agora essa hora nunca vai chegar.
Pode ser um descontentamento de artista, nunca será a obra prima, isso só vai dar para saber na morte, é preciso catalogar tudo antes de tomar alguma decisão dessas. E não adianta tentar morrer antes do tempo, morte poética não conta, imaginação não vale para alguns conceitos.
Deixei-me perder a conta por um tempo, escorregar no próprio devaneio. Acho que deveria ter lutado com mais empenho por algumas coisas, mas eu cansei antes do tempo, entreguei o jogo ainda com as cartas na manga, cansei desse tipo de vida. Será que esse cansaço cronico é de nascença?
Teve alguma vez, eu acho, que achei demais e me atropelei. Mas quando achei de menos também não pé pra tudo o que eu queria fazer. Sei lá essa vida viu, parece que é uma coletânea sem organização. Então decidi parar de brigar com o tempo, deixar a vida desenrolar do jeito que ela quiser, e o capítulo termina se quiser. Acho que ontem mesmo, se não me engano, usei um ponto final onde eu nem esperava.
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