A vida, por mais cruel que fosse, sempre havia lhe trazido algum tipo de abalo, e isso era definitivo, mesmo na inexatidão em que se apresentava, era pelo menos alguma diferença na maneira como a realidade se apresentava. Era desafiador, mas uma boa maneira de se movimentar, um recurso para aprender a se esgueirar e, quem sabe, viver por si só, por algum momento. Ela já não atingia mais a suspensão, parecia que a vida queria cada vez mais, que todo o seu impulso de viver precisaria ser usado sem a preocupação de duração, sem economia na ação. Queria dizer que não ligava para o fluxo da vida, que não entendia, mas a diferença é que já não lhe cabia mais aquela ingenuidade característica da pouca idade, mas isso não quer dizer que muita ela tinha. Divagou um pouco no espaço, refletiu mais rápido do que gostaria, entendeu que não precisava sentir tudo nessa vida, e partiu rumo a alguma eterna saída. Já não era preciso mais nada, estava em um ...