Autorretrato - Perdi a ação
Travou-me o pescoço como se vida não tivesse travada o suficiente. Qual será a imobilidade da vez? Achei que já bastava estar tudo atravessado, a alma nesses vidros embaçados. Há quem diga que o segredo é não pensar, mas não conseguimos nem manter a respiração sem o pensamento, quem diria todo o restante da vida. Talvez seja isso, precisamos aprender a deixar a vida.
Acho tão injusto, será que deixar é a solução? Parece que tem tanta gente deixando as coisas erradas, deixando de se importar, deixando de se incomodar, então ficam por aí, convalescendo da miséria que sustentam. Não pense nisso aí menina, preocupe-se só com o seu umbigo, é o que temos para hoje. Adoram me mandar sair de mim mesma, mas fico sem lugar para ir, acho que não para sair para o mundo, acho que a solução é apenas ensimesmar no seu próprio ego, pois isso pode.
A gente segue caminhando. Será que segue? Ou a gente só fica tropeçando? Resvalei quando não sabia que dava para cair um pouco mais, mas já me falaram que isso é a vida. Acho que é muita arrogância minha, quero tudo e um pouco mais, mas nada do que é possível. Qual seria essa realidade intangível? Preciso saber tudo o que quero fazer, se nem sei quando vai anoitecer.
É preciso parar de sonhar, não vai te levar a lugar nenhum! Mas acho que foi só a minha cabeça que me levou a algum lugar. Triste é permanecer, esvaecer sem ter para onde correr, deixar a maré da vida te desfazer. É por isso que eu corro, corro longe, tropeço e saio rolando mesmo, que é para ver se não permaneço nos mesmos defeitos. Quem diria que com tanta palavra a gente ainda não saberia conceituar a vida.
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