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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Pingo D'água - Convívio

É horrendo É um descontentamento É uma falta de pudor É um horror Os entraves São chaves Portas que fecham Você no meu nexo Não fez sentido Foi confuso Oriundo Por demasiado contido É profundo Esse meu absurdo Mar selvagem Sem reflexo Querem um pouco de silêncio Entendo Mas não consigo continuar vivendo Nesse eterno vício Convívio

Hipo(crê)sia - Ano

    Grave bem esse dia, pois será o último dia da sua percepção. Essa é a nossa realidade agora, é preciso se perceber em partes, pois se formos sentir tudo, vamos despencar ladeira abaixo de tanto ódio e desesperança. Existem os que estão sobrevivendo para não adoecer de vez, e aqueles que nem se importam, que estão nos matando um por vez. Ouça bem, com calma e cautela, não é possível se ausentar, já passamos esses tempos onde podíamos ignorar, só não é possível sentir tudo e ainda permanecer vivo. Os ignorantes estão enriquecendo, construindo impérios fundados na miséria e no descaso, e nós, que ainda temos algum sentimento, estamos lutando com o desespero. Não dá para se afundar nos sentimentos, e muito menos ignorar o que estamos vivendo. Sempre um dilema que nunca compete a realeza, podre de riqueza. Só é enfermo quem é imperfeito, anormal ao sistema, cheio de defeito. Somos um prato cheio para o desalento. Retarde o passo, pois estamos cada vez mais atrasados, e chorar s...

Autorretrato - Papéis

      Tenho vários papéis escritos, cheios de pensamentos e conflitos, parece tudo um livre arbítrio. As vezes me vem uma angústia que me assombra os pensamentos, um vazio, parece que vou perder parte de mim com tudo o que está escrito. Parece abandono se fica esquecido, mas sei que ainda não está pronto para o convívio.     Queria saber se isso pode ser um vício, pois no horror da palavra aprendi a extrair disciplina. Eu sei, pode ser horrível também, mas tentei, foi o melhor que consegui fazer. Acho que não vai existir ninguém que vai saber me responder.     Abandonei todos esses começos e fins, pois estamos numa velocidade que não nos acompanha nos medos e nos desejos. Reclamamos da falta de tempo, mas quando conseguimos um dos desejos, vimos todo o resto desmoronar. Queremos o que não está no espaço-tempo.     Interagi com conceitos, e percebi tudo o que não havia feito. Não sei se fui prolixa ou efêmera, mas no fim das contas dá tudo na ...

Pingo D'água - A tarde

Catei algumas folhas E deixei outras Limpei metade E esperei mais tarde Deixei meu passo No espaço Repleto de absurdos Que só ouviram os surdos Desfiz o nó Joguei sem dó E me desfiz em pó Como uma nota só Ficou apreço Um pouco de receio Uma falta de entendimento Mas nenhum pressentimento Sumi na mudança da lua Sem nenhuma culpa Cheio de sonhos Procurando encontros

Hipo(crê)sia - O prazo e à vista

    Venha, sente aqui, vamos conversar. Esperei tempo demais, perdi o momento da virada, então fiquei me debatendo para mudar. E, no fim das contas, quando o fio da meada se encerra, fiquei pensando: mudar pra quem? Já era óbvio que as mudanças internas estavam em debate com as cobranças externas (as vezes nem tão externas assim). Em qual momento fomos invadidos por esse mundo insano? Quem criou essas margens de convívio? Por que que eu sempre fico no abismo? É absurdo. É assustador. E quem se importa? Parece que só prospera e enriquece quem não está nem aí para as mazelas desses dilemas. A vida se resume a seguir o fluxo. Mas eu nasci correnteza, nasci querendo desestruturar o sistema, só me falta a influência, aquele capital na carteira. Que inferno! É tudo feito sem esmero, só para satisfazer o ego. Não sei por que permaneço aqui. Queria outro mundo, queria outro rumo, mas quem sou eu para definir esses absurdos? Precisaria de uma certeza na manga, e eu só tenho o colapso d...

Autorretrato - Vento

    Estava caminhando na rua, sentido a brisa, pensando que vento não é coisa mensurável, é coisa sensitiva, sensível na pele para fazer algum sentido. Não basta ter olhos, é preciso ser corpo, é preciso presença, senão passa e a gente nem percebe que afetou a gente. Estava pensando se todo mundo pensa na vida com a mesma frequência que eu bocejo. Para mim é todo dia, é quase que toda a minha vida.     Falaram que me falta o freio de mão, que preciso saber estacionar na subida e na descida, mas não consigo permanecer se tem movimento acontecendo, nem que seja lento. Será que estou desperdiçando o meu tempo? Preciso de mais aconchego. Não tem quem acompanhe o meu ritmo, pois nasci num descompasso ainda não especificado. Sei não, mas acho que só sabe o que é medo quem se viu no embalo da descida da própria vida.     Pensei em fazer mais sentido. Pensei em fazer um texto mais curto. Pensei em usar palavras mais objetivas, mas parece que nada disso contempla a ...

Pingo D'água - Sabedoria

Sabe, O sábio Que soubeste Mas sabido Não soube No instinto da sabedoria Entende? Que todo entendido Tem o entender dividido Porque o entendimento Entende-se no momento E só entenderá o será Querido Queria Quem quis Quem queira Toda querida Com todo querer Repete? Mesmo sem rima repetida Reparo a repetição Dessa rotina que reprisa E na repetência Esquecemos da novidade no eco do repeteco

Hipo(crê)sia - Solução

Gostaria de vir aqui te dizer algo melhor, dar palavras daquela sabedoria esperançosa que faz a vida mover adiante sem dúvidas ou obstáculos, mas só tenho lamentos sobre esse insano momento. Não sei como tem gente que parece que encontra tudo perfeito, seriam as expectativas muito baixas ou muito realistas? As vezes parece que é exatamente isso, quero uma expectativa surreal, fora das margens da existência, atravessada pelo excesso de imagens que a minha cabeça consegue criar. Seria mais feliz se não quisesse nada da vida? Ou se tivesse escolhido o caminho mais simples, e acomodado a minha vida dentro dos padrões de todas as hierarquias. Quem está vivendo bem? É a pergunta que não consigo parar de me fazer, pois vejo que as pessoas só parecem sobreviver. E tem gente que se contenta com isso. Como pode tanta falta de ambição? Quem se contenta com o que é possível ter na mão, não entende as almas que querem evaporar na solidão e emergir nas mais inesperadas conclusões. É a dicotomia mund...

Autorretrato - Castelo

    Me peguei esse ano, misturando meus medos, criando uma batalha comigo mesmo, desafiando até o sorriso escondido nos beiços. Duvidei da minha poesia e de tudo o que eu já construí nessa vida. Achei que de nada valia. Desdobrei toda a minha vida e joguei na armadilha; quem é que pegaria?     E pegaram. Viram-me no exato ato de me destruir e reconhecer. Quem é que poderia prever? Não sei se sou um desastre ou um pedaço de sorte, só sei que já aprendi o que fazer com a morte, e isso não é sorte!     Fui extremamente arrogante, e acho que é por isso que voltei. Agradecia o meu caminho mas queria esquecer de tudo o que já me fiz fazer. Não é possível excluir a porta de entrada que te fez chegar nessa vida. Então meu ego me fez cair de joelhos, mais uma vez, mas agora tirei meu tempo para ficar nessa lucidez.     Esse espaço que achei é todo o desconforto que me neguei, mas que jamais deixei. Não olhei para tudo de uma vez, primeiro respirei fundo. A...

Pingo D'água - Relativo

 Estava aqui O pronome relativo Que não perdeu tempo E fugiu do inimigo Cuja vida  Nada se sabia A qual não deixou nada no ar O que nos sustentou Mesmo sendo vazio de conceitos Com os quais nos emolduramos Que nos fazem pertencer Onde nos encontramos Mesmo que por um instante E quem tenta Não se sustenta Porque não é contínuo

Hipo(crê)sia - Sufixxo

É desespero e desprezo ao mesmo tempo para escrever tanto sobre mim mesmo e sobre nada ao mesmo tempo. É um desprezo reflexivo, que chama todos os modos à mesa apenas para deixar de lado a sobremesa e aproveitar a ressaca mesmo sem vinho na cabeça. É um desespero letárgico, que chama a atenção para tudo o que não consegue ter na mão e engole seco as lágrimas de todos os que vão. É sim! Eu lamento, você já não esperava que soubesse rimar nessa métrica de melancolia, mas a realidade é que somos saco da mesma farinha. No fundo tudo é o mesmo conteúdo, de cara amarrada ou de sorriso moribundo, somos gente que pouco importa nesse mundo, somos os milhões à beira da morte, escorregando na ladeira, esperando que a falta de vida nos leve para alguma beleza. Nem sabemos contar o tempo! Chega a ser ridículo esse devaneio, essa fala atravessada de conceitos, pois os significados não sabem caber no peito, então achamos que merecemos, mas a verdade é que só devemos. Não tem jeito, é uma dívida impag...

Autorretrato - Então,

    Tudo isso é uma pena, você me fazendo cair de novo nesses dilemas, nas confusões de todo esse sistema. Na maioria da vezes penso que só, é tão simples, direto e objetivo, que só parece nada concretizar, parece por todo o canto se esquivar. Onde conseguirei chegar? Haverá algum ponto de terra firme onde vou poder me recostar?     Quem diria que gastaria tanto tempo sem entender nada dessa vida, escalando o morro da barriga perdida, só para ver que não temos saída dessas rotinas. Não sei mais o limite entre crise existencial e insatisfação, parece que tudo está no mesmo corrimão, com tempos diferentes, o desconforto de um presente é o outro ausente.     É, entendo, excesso de tormentos nessa falta de tempo, é um excesso de interno que incomoda muita gente, quem diria que o planeta gosta de ficar nesse estado dormente. Divaguei, errei, tropecei, levantei, fiquei eufórico com as possibilidades e desmoronei mais uma vez. Que estado é esse tão volátil que nin...