Hipo(crê)sia - O prazo e à vista

    Venha, sente aqui, vamos conversar. Esperei tempo demais, perdi o momento da virada, então fiquei me debatendo para mudar. E, no fim das contas, quando o fio da meada se encerra, fiquei pensando: mudar pra quem? Já era óbvio que as mudanças internas estavam em debate com as cobranças externas (as vezes nem tão externas assim). Em qual momento fomos invadidos por esse mundo insano? Quem criou essas margens de convívio? Por que que eu sempre fico no abismo? É absurdo. É assustador. E quem se importa? Parece que só prospera e enriquece quem não está nem aí para as mazelas desses dilemas. A vida se resume a seguir o fluxo. Mas eu nasci correnteza, nasci querendo desestruturar o sistema, só me falta a influência, aquele capital na carteira. Que inferno! É tudo feito sem esmero, só para satisfazer o ego. Não sei por que permaneço aqui. Queria outro mundo, queria outro rumo, mas quem sou eu para definir esses absurdos? Precisaria de uma certeza na manga, e eu só tenho o colapso da existência. Chamei você para conversar, mas esqueci o porquê. Essa vida não é bem o que eu esperava, sempre achei que planejar era uma cilada, mas parece que temos um prazo para viver. Devia ter parcelado esse entardecer, mas quis fazer tudo à vista, que perdi a hora mais bonita.

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