Autorretrato - Papéis

     Tenho vários papéis escritos, cheios de pensamentos e conflitos, parece tudo um livre arbítrio. As vezes me vem uma angústia que me assombra os pensamentos, um vazio, parece que vou perder parte de mim com tudo o que está escrito. Parece abandono se fica esquecido, mas sei que ainda não está pronto para o convívio.

    Queria saber se isso pode ser um vício, pois no horror da palavra aprendi a extrair disciplina. Eu sei, pode ser horrível também, mas tentei, foi o melhor que consegui fazer. Acho que não vai existir ninguém que vai saber me responder.

    Abandonei todos esses começos e fins, pois estamos numa velocidade que não nos acompanha nos medos e nos desejos. Reclamamos da falta de tempo, mas quando conseguimos um dos desejos, vimos todo o resto desmoronar. Queremos o que não está no espaço-tempo.

    Interagi com conceitos, e percebi tudo o que não havia feito. Não sei se fui prolixa ou efêmera, mas no fim das contas dá tudo na mesma. As conexões são a simples ilusão, as asas da imaginação. Então deixei, esses papéis ao vento para respirar por um momento.

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