Poetisa-me

Ah, tempo Achei que rimava muito comprido Que deveria podar meus desvios Mas vi que tem mais gente nesse espaço largo Nessas folhas sem margens Não sei se isso foi de uma liberdade Pois já havia aprendido a interromper as frases Confesso que fiquei prepotente É bom achar gente como a gente Mesmo tão diferente Achava que não sabia separar as sílabas Mas era só uma questão de ritmo De viver a vida Sair desse espaço compacto Dos esconderijos em que nos achamos salvo Ah tempo Quanto sentimento

    Ah! Me poupe dessa irresponsabilidade de vida, dessas desculpas de ausência na política. Não basta pagar as contas em dia, é preciso se comprometer com essa vida, pois toda essa sujeira sustenta os teus direitos de riqueza. Todo esse mundo é feito de consequência, mesmo que você queira desencadear a cadeia, as estruturas de controle vão te descer a lenha. A pergunta correta é: quem ganha com esse sistema? São os mesmos que compraram todos os direitos de existência. Eu sei, isso não existe! É tão forte essa opressão, digamos estruturada também, que conseguiram entrar no campo que ultrapassa a matéria. É ilusão achar que em um sistema tão podre realmente se preocupa com as mazelas. Isso é tudo o que ele gera. Então estamos aqui, entre os piores, sim somos o pior da existência, tão pequenos e mundanos que nos ausentamos da culpa, mas herdamos os bens que conseguimos ter. Ausentamo-nos da culpa, pois estamos preso nela, é preciso ter revolta, força de movimento para destruir a...

    Desceu toda aquela imensidão, o fogo se fez multidão, acabei me desdobrando em pedaços de contextos multifacetados. Isso não me tornou mais compreensivo, apenas mais assertivo em todo esse convívio. Não fujo mais, apenas corro de todos os desconfortos.     Não existe  mais leveza que se sustente sem alguma equivalência de saturação. Não seremos mais capazes de permanecer na ilusão, só vai ficar neste lugar quem não tem mais nada para buscar; e já entendemos, nessa altura da vida, que nascemos demasiadamente sedentos para trilhar esse caminho imaculado.     Tirei os sapatos para poder correr mais rápido, foi ao mesmo tempo em que deixei todas essas regras na mão. Não consegui sustentar essa razão. Fui com tanta voracidade, que desmaiei sem fôlego, tive até dor de estômago. Continuei na minha breve sina, até cair na piscina.     Foi rolando ladeira abaixo, todo o meu esforço pelo ralo. Em busca de que? Querendo bem saber, já entendia o...

Poesia?! Que furada teu dia Acharam que você vivia de bem com a vida Mas parece que vai te faltar comida Artista?! Que bela conquista Só serve para enfeitar a poeira E viver falando asneiras Escritora?! Quanto dom minha senhora Mas parece crítica Essa sua mítica Professora?! Está brincando com a gangorra? Acha que vai ter futuro Mas só vai dar a cara no muro Empreendedora e rica?! Pior que isso não fica Se acha que vai conseguir sobreviver nessa vida Com esse excesso de violência sofrida

Olá querida, já cansei de me fantasiar das suas despedidas, desses lamentos de tempo, estamos aqui para conseguir engajamento. Foram as redes para entrarmos nas paredes, e o que balança agora é o tempo que perdemos na ponta dos nossos dedos. Mas quem é que contabiliza esses entendimentos? Estamos aqui despidos de leitos, pois a vida segue numa miséria que não queremos conhecer, pois não temos esse tempo para nos entreter. É um problema esse seu convívio, demasiadamente reflexivo, só te leva a entender os horrores da vida, e o que precisamos é mais purpurina. É ridículo você achar que consegue fazer beleza com a sua tristeza, ouço apenas um grito polido pelos achismos, pois você misturou palavras demais, entendeu o mundo demais, e acabou sendo mais um louco perdido no caminho fugaz. Desperdício é esse seu juízo, cheio de romantismo descabido, imaginando conceitos que não vão nos alcançar nessa existência ao invés de cumprir o papel da boa mulher. Cansei de gastar palavras contigo, vamos...

    Desceu toda aquela imensidão, o fogo se fez multidão, acabei me desdobrando em pedaços de contextos multifacetados. Isso não me tornou mais compreensivo, apenas mais assertivo em todo esse convívio. Não fujo mais, apenas corro de todos os desconfortos.     Não existe mais leveza que se sustente sem alguma equivalência de saturação. Não seremos mais capazes de permanecer na ilusão, só vai ficar nesse lugar quem não tem mais nada para buscar, e já entendemos, nessa altura da vida, que nascemos demasiadamente sedentos para esse caminho imaculado.     Tirei os sapatos para poder correr mais rápido, foi ao mesmo tempo em que deixei todas essas regras na mão. Não consegui sustentar essa razão. Fui com tanta voracidade que desmaiei sem fôlego, tive até dor de estômago. Continuei na minha breve sina até cair na piscina.     Foi rolando ladeira abaixo, todo o meu esforço pelo ralo. Em busca de que? Querendo bem saber, já entendia o sufoco, só não ...

É um poema Ou é sensatez Escolher viver essa vida De uma vez É destreza Ou é instinto A luta pela sobrevivência Que nos deixa sem destino É realidade Ou é imundice Toda essa crueldade Disfarçada de crendice É ridículo Ou é apenas isso A maior hipocrisia desse juízo Que se faz submisso É afrontoso Ou é alienado Mas pare com tudo o que é doloso Para nos poupar esse legado

Estamos em tempos de pandemia, e já te aviso que é demais pedir por uma vacina. Estamos no limite da vida, e só não se importa quem consegue deixar a sala com o nome na porta. Estão achando que isso é riqueza, mas é apenas a comorbidade do sistema. Quem diria que estaríamos na margem da própria vida... E quando tudo começou a não ter distinção, a quebrar com o padrão, a podridão que reina nesse império de mortes começou a desviar a atenção e jogar com todas as cartas. O que importa é não morrer, é te foder. É apenas isso, a vida em todas as suas relações podres de controle. Você pode estar rindo descontroladamente, sorrindo como se nada tivesse acontecendo, ignorando o protocolo do velório para ter um pouco de paz, para fingir que esse mundo te satisfaz, mas a realidade só está te mostrando exatamente tudo o que você é, não adianta mais querer disfarçar a corrupção, pois todos sabemos o quanto és ladrão. Então não te resta mais nem pedir perdão. Que a vida seja como ela é, só para que ...

      Não vim aqui tomar partido, se é que você me permite dizer. Acho que isso é tudo o que você me permite dizer. Não pensei que teríamos que começar as frases assim, temendo pelo viver, achei que estávamos em uma configuração de nos entender, mas ultimamente os humores andam inflados. Ou os egos exacerbados, não lembro bem. Já nem sabemos mais como dizer.     Não queria estar falando disso, mas a minha mente só sabe vagar pelo desespero que fico tentando afugentar. Seria agora o momento de se desesperar? Já esperamos tanto que nem sabemos mais onde ficar. O limite entre o sensato e a solidão estão muito tênues, e já perdemos de vista o significado do perdão. Os que mais espalham ódio gratuito são os que mais se sentem ofendidos. Não entenda mal, não é sentimento, é humilhação.     Tire o controle e verá quem está disposto a te aceitar. Desculpe o incentivo! É um caminho solitário e sem volta, um local onde não se encontram respostas. Fique bem aí, n...

Pensei em tudo nessa vida Não é um excesso de plano É apenas ousadia E quem diria Que eu teria alguma serventia Fui poeta Um tanto estranho Mas naveguei no cometa Só pela leveza Enchi-me de destreza Queria deixar com você Alguns encontros Pois acho que já consigo prever Onde estaremos ao entardecer E não quero deixar de te ver

    Fomos nós quem escolhemos a miséria ao invés da pobreza, pois as grandes riquezas estavam caindo do pedestal, e vamos encarar a realidade, não podemos perder a moral. Acho que não há nenhum conflito, só existe um pouco de vergonha que está vindo de mãos dadas com o ódio, afinal, não era para ninguém me criticar. Quando comecei a falar, fui horrível, e continuo sendo, agora só sou esperto o suficiente para mascarar algumas palavras, mas expor os defeitos com seus próprios dedos é assinar uma carta de suicídio social, já sabemos. A habilidade do milênio é engolir seco, demonstrar o desprezo e cortar a faca com a ponta do gelo. É um eterno desespero, mas parece que só ignoram esses conceitos os que prosperam nesse império de necrotérios. Quem diria, não é possível entender uma asneira que sai da boca dessa guria! Perdi o preço da licitação, acho que foi a vida que me custou caro, deveria ter nascido otário, quem sabe assim seria dono do aquário. Acho que por hora é isso, prec...

          Queria saber mais sobre o espaço-tempo, os limites dos avessos, tentar desviar de algum defeito. Se tivesse nascido com o dom da riqueza, talvez conseguiria produzir mais beleza, sensatez ou leveza, mas parece que só fico brincando com a lucidez. As vezes penso que é besteira jogar palavras ao vento, mas vejo tanta gente se afogando em seus desesperos, que gastar meus devaneios parece uma alternativa para sair do relento que as vezes é a vida. Tenho uma breve teoria, de que existem dois tipos de vida: aquelas extremamente protegidas, que conseguem ter todo o amparo para serem pilares de referência, e aquelas que sobrevivem às margens, sem o mínimo para mandarem ao menos uma mensagem.           Nesses tempos atuais, onde estamos retrocedendo em toda e qualquer evolução, se é que existe alguma contramão, acho que não quero entender mais nada, acho que o tanto de coisas que tenho já me basta, ou me deixa demasiadamente vasta. Sei ...

Quero ser alguém na vida  Quero ser poesia Atravessei o oceano Só para ficar na minha Achei que a jornada era sobre a introspecção  Mas foi sobre ilusão  Achei que entenderia o desprezo Mas era apenas cortejo Limitaram-me as palavras Geraram muitas mágoas E ainda querem ter o direito De me enterrarem viva  Até quando estará bom? Enquanto aguento o seu tom O direito do seu surto É quando entro em curto