Autorretrato - Eternidade efêmera

    Desceu toda aquela imensidão, o fogo se fez multidão, acabei me desdobrando em pedaços de contextos multifacetados. Isso não me tornou mais compreensivo, apenas mais assertivo em todo esse convívio. Não fujo mais, apenas corro de todos os desconfortos.

    Não existe mais leveza que se sustente sem alguma equivalência de saturação. Não seremos mais capazes de permanecer na ilusão, só vai ficar nesse lugar quem não tem mais nada para buscar, e já entendemos, nessa altura da vida, que nascemos demasiadamente sedentos para esse caminho imaculado.

    Tirei os sapatos para poder correr mais rápido, foi ao mesmo tempo em que deixei todas essas regras na mão. Não consegui sustentar essa razão. Fui com tanta voracidade que desmaiei sem fôlego, tive até dor de estômago. Continuei na minha breve sina até cair na piscina.

    Foi rolando ladeira abaixo, todo o meu esforço pelo ralo. Em busca de que? Querendo bem saber, já entendia o sufoco, só não conseguia acreditar que é isso que teremos da vida. Então, ainda sem conseguir, se é que você se preocupa em saber, fui seguindo o rumo conturbado de ser o inimigo. Confesso que não é de todo desprazer.

    Por fim, sabendo que a eternidade é efêmera, constituí uma grandiosidade que não teve esquema, só foi uma pena que não percebi, pois se tivesse, teria metade dos dilemas, ou quem sabe mais certezas. É, talvez teria menos humildade e mais ego, acho que os conflitos são nossos guias de contextos, é uma parte do preço.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Autorretrato - Capítulo Vinte e Nove - Os pedidos lacrimejantes

Autorretrato - Capítulo Trinta e Seis - Permanência oscilante