Hipo(crê)sia - É ódio

Espero que seja sua última oração, e que a sentença lhe valha a pena. A semana começa com o ódio que não termina. Viver essa vida é um eterno enjoo. Enoja a velha de dentes podres a mulher que ama outra mulher, e eu fico pensando que gostaria de gritar na sua cara desdentada que eu também sou vira casaca. Virei a roupa inteira, pois não quero caber nesse seu nojo, nessa falta de amor, em toda essa podridão que você consegue ser. Ah, Vera, quem me dera! Poder te dizer, escarrar todo seu fétido aroma para que possa entender o quão horrível consegue ser. Mas não o farei, a polícia da família já veio me deter. Venham todos me repreender, pois eu sei dos seus mais corruptos conceitos, suas hipocrisias disfarçadas. Eu cresci vendo vocês operarem seus horrores na minha sanidade, transformarem a minha vida na mais pavorosa crucificação. E ainda querem que eu fique, pedem que permaneça, mas gostaria de saber exatamente o que vocês querem que fique, a imagem que construíram, ou o domínio? Quero lhe cuspir na cara, quero que saiba que não vale nada, mas preciso ter a educação que me cala, aquela que insiste em me fazer engolir, que tão bem me ensinaram. Não tenho mais nenhuma amarra, está ficando cada vez mais difícil de conviver, pois eu já não sou mais do seu domínio. E mesmo com tudo o que eu falei, você ainda vem querer me dizer o que fazer. Você e sua hipocrisia! Poupe-me dessa asneira. Quanto mais você quer imprimir essa educação, mais ebuli em mim a revolução. Talvez eu simplesmente suma. Quero ver você se surpreender, e dizer que não sabe o que fazer, pois eu enlouqueci o sistema. É esse seu tema que constrói o dilema, você me odeia e não sabe o que te espera, pois o seu ódio destilado eu já provei há muito tempo, e me embriaguei até perder os sentidos, até ficar amortecido, mas a minha ira friamente calculada, é algo que você não pode esperar.