Postagens

Mostrando postagens de junho, 2015

Nó em pingo d'água - À passagem

O que acontece nesse mundo Que te perturba sem conciliação Que te convulsiona de podridão O que acontece nesses estudos Que não descrevem a solidão Que não conseguem ter emoção O que acontece com a multidão Que opta por desprazeres configurados Que se enche de roupagens classificatórias O que acontece com os amores Que morrem antes das flores Que se abastecem das mortes dos odores O que acontece nas ruas Que te expõe à insegurança Que te mata de confiança O que acontece com os conceitos Que se enchem de defeitos Que dividem o mundo inteiro O que acontece com as perguntas Que deflagram censuras Que nos enchem de ataduras O que acontece com as pessoas Que tem as mesmas injustiças Que querem as mesmas cobiças O que acontece comigo Que enxergo excesso de perigo Que vivo na beira do abismo O que acontece contigo Que me deixa a esperar Que não sabe como escapar O que acontece conosco Que já perdemos o bom gosto Que não sabemos como paramos neste posto

Autorretrato - Capítulo Quarenta e Cinco - Transparecer

         As suspensões sempre foram uma multiplicidade de sentimentos que eu não consigo explicar. Com certa frequência meu salto quântico de crises me paralisa por segundos, dando-me um momento para recuperar os sentidos, para poder olhar para tudo o que mudou e fazer algum sentido. Nesse momento fica uma clara certeza de que não pertenço, à minha idade e ao meu tempo. Fica um feixe de luz que consegue anular tudo ao seu redor, e eu caio nos meus pobres e pequenos vinte e dois anos.         Depois da pancada de compreender as questões humanas intraduzíveis e ilegíveis, vem um excesso de sabedoria impotente que faz com que eu me sinta o cúmulo da hipócrita estupidez barata. Transcender as coisas faz com que cada vez mais você tenha menos palavras para dizer. Nesse ponto começa ficar difícil explicar que você tem a exata incerteza, volátil e fugaz, e isso não te dá nenhum juízo. Isso te deixa na beira do abismo com uma incessa...

Hipo(crê)sia - Plural

Lá vem a pobre miséria, aquela falta de gente incorporada na revoada. Lá vem aquela ridícula piada, sem cor e sem graça, essa que mais atrasa do que disfarça. Vamos rir dessa tristeza infundada, pisar nesse desmerecimento de gente, pois quem se importa?! Vamos ganhar à custa dessa burrice bondosa, pois afinal, de que me importa?! Guarde seu mar de independência, pois temos uma injustiça que vai te afogar nessa escuridão. Venha e coma na palma da minha mão, pois senão só vai restar para ti viver de ilusão. Venha selar um aperto de mão porque viver de sonhos não é um ganha pão. Essa podridão mundana vai te frustrar, te corromper, te amargurar. Resta para ti se contentar e chorar sem desmaiar. Piadas infames como ti não estão no topo do mundo, sua insensata sensibilidade não te levará a um bom caminho. Esse mundo pertence aos animais violentos e inescrupulosos, com a única sensibilidade de sentir no ar a fraqueza que exala do seu desespero cuidadoso. É melhor saber disfarçar sua delicada ...