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Mostrando postagens de maio, 2013

Hipo(crê)sia - Nos moldes que vivemos

Eu sou jovem demais para saber o que sou. Sou uma desconfiguração sem moldes, sem os padrões tradicionais, sem esses entraves, sem graves traves. Só torna-se adulto quando se assume uma única forma, cheia de intolerâncias, cheia de desconfianças, cheia de experiência, cheia de magnitudes passadas e roupas lavadas. Não me querem como sou hoje. Não me querem como era ontem. Não me querem num possível amanhã. E depois de amanhã, mudo depois de ter mudado, já não sendo mais a mesma coisa, e querem exatamente aquele ontem, que nunca mais existirá. Essas pessoas vivem num mundo de resultados, de tabelas cumpridas, e se encontram no comando, exigindo que preenchamos as suas grades de verdades, que nos moldemos nos seus padrões, pois os únicos que dependem deles somos nós. A verdade é que eles querem que sejamos o que são, como pensam, pois assim sempre estarão na vantagem de nunca termos vivido o que eles viveram, pois nascemos em outros tempos, e cada vez mais perdidos, pois não temos as bat...

Autorretrato - Capítulo Trinta e Três - O preço que se alarga

         Aquele inchaço de ego inflado a incomodava, aquela felicidade quando viam seus olhos afundados a perturbava, aquela questão de fazê-la lidar com as guerras internas dos outros para cima do que viam nela, e que não enxergavam neles, matava-a nos estilhaços que ela ficava tentando juntar.         A insanidade lhe subia à cabeça, descolava a retina, embaralhava as ideias, e a cabeça ficava muito pequena para tanta desordem. Era loucura ela só poder ver com os seus olhos. Era loucura seu estômago ficar na sua boca, seu peito e seus olhos para trás da sua cabeça, e sua cabeça pesada para baixo dos seus pés.         Ela se matava para conseguir ficar em seu juízo, para tentar colocar a cabeça sob seus pés. Como se não bastasse o seu psicodelismo, as distorções dos outros lhe davam um nó na garganta, a comida não entrava e as palavras não saiam; o que se forçava a romper essa barreira es...

Nó em pingo d'água - Da esperança que me vai

Não acredito em quem dorme de meias Não acredito em quem dorme sem as veias Não consigo ser de quem não sente Não consigo ser tão simplesmente Não acredito em gente que não mente Não acredito em otimismo que não chora Não acredito em pessimismo que não rosna Não acredito Não consigo ver o que não sou Não consigo ler o que me cega Não consigo te ver de qualquer forma Não consigo enxergar a sua forma Não consigo Não gosto de quem se apega tanto que te prende Não gosto de gente que não sente Não acredito na cara do ferimento Não gosto de me livrar dos sentimentos Eu tenho é medo Tenho medo da presença sutil Tenho medo de quem me lê com calma Tenho medo dos reflexos tão próximos Tenho medo dos que são refletores Não tenho medo pelo não Tenho medo da falha na sua mão Gosto de quem conta sutis segredos Gosto da bondade na entrega Não acredito na força sem apelo Não me importo se é pouco extenso Me importo se não vem com tudo Não me importo se me prendem em um lug...