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Mostrando postagens de abril, 2013

Nó em pingo d'água - Parlembá a semana

Para quem começou a semana com o bonde andando... Hoje é segunda Acordei na madruga Sambei a macumba Peguei caxumba Caí numa tumba Bati minha bunda Vi o bumba-meu-boi Para qual só dei oi Quando se foi

Hipo(crê)sia - As revoltas das redes

Sabe o que me revolta? A falta de coragem. E isso não significa tomar a frente, levantar a mão, significa levar os tapas pelas suas escolhas, e não dar a cara a tapa. Você não se dá de graça, isso não é assumir, é se render ao sistema e se justificar para o mais forte, para a maioria. Mas tem gente que escolhe tomar a frente, e escolher para si é diferente de escolher pelos outros, ignorando sua autonomia, vontade e pessoalidade; ir contra o outro é negar-lhe a vontade própria, seu direito de escolha. Não ir contra não significa falta de opinião, significa compreensão das diferenças. Se você entende que diferenças existem, não é preciso impor sua opinião, não é preciso negar nada aos outros, pois você teve o direito de escolher, de ter as suas verdades, e isso você não pode negar ao outro. Ofender te dá a possibilidade de ser ofendido. É claro! Se somos diferentes, a reação-ofensa não é a mesma da ação-ofensa. Se você se dá ao direito de ofender e expor sua opinião publicamente, você d...

Autorretrato - Capítulo Trinta e Dois - A queda da transparência

        "Até que ponto sou o que quero estando onde estou?! Quanto do mundo não me corta para escarrar nos meus ossos as escolhas que fiz, o jeito que me vesti, as cores que expeli, a tranquilidade que esqueci.         Quantos de nós estão vagando por aí, procurando um lugar para pendurar suas esperanças, pois nesse mundo este é um fardo muito pesado para carregar. “Precisamos aprender sobre o viver, precisamos é sobreviver”.          Esmagando-se para tentar tirar algo tão grudado em si, ela se esmagou demais, fez tudo se misturar numa dolorosa inflamação, que inchada, esmagava-a mais para dentro de si. Ela viu seus medos rirem do seu desespero, do seu desajeito ao tentar se manter de pé, e ninguém mais viu a força que ela fazia para continuar os dias. Ela viu o sarcasmo engolir seus trejeitos, as tentativas afundarem-na cada vez mais... Ela ficou sem teto e sem chão para tentar se levantar. ...

Nó em pingo d'água - O momento do desejo

Eu sou meu doce veneno O calo que estremece os dedos A falta de força que rompe em um peso A presença de ausências numa longa queda Me falta o impulso Pois eu sou a continuidade Me firo os olhos para não ver as dores que constroem o mundo Para não ver as flores que destroem o mundo Sou o beijo que suga o ensejo A carência que exige vontade O fecho que abre na bondade A profundidade que se cala ao falar O reflexo que vejo É a crise da contradição É a falta de perdição O sabor que cheiro Engasga no peito Sai do estômago e cai no devaneio Eu sou a minha exigência Nas minhas carências Nas dores que... Nessas dores que

Hipo(crê)sia - O remédio da gente

Ah, eu vejo um mundo que o capitalismo não compra, e não vende. Ou melhor, remedia. Cada hora descobrindo uma nova necessidade imediata ele vende um momento, para nos sentirmos aceitos, no grupo, no mundo. Mas somos muito errados, e a vida bem que tenta nos corrigir, mas a gente continua se sentindo só, só um umbigo que tem os maiores olhos do universo contidos nessa falta que a gente tanto sente. É a falta de tempo, é a falta de bondade, é a falta de leveza, é a falta de todo mundo não ter os mesmos conceitos que a gente tem e agir como a gente acha que vai ser para a gente saber o que fazer pra si mesmo. Juram-me que sou singular, único, mas a gente sabe que não é bem verdade, de algum jeito temos que nos encaixar em algum lugar, algum momento, algum grupo aceito. Aceito. E a gente sabe que esse 'a gente' só existe nessas imagens, na pesquisa de mercado, na falta de soldados. E olha que a gente se perde na miragem e vira paisagem, aprendemos a apontar o dedo para os outros an...

Autorretrato - Capítulo Trinta e Um - Inadequação

         E ela nem sabia o que doía. Olhava-se, perguntava-se, pressionava-se, e não achava o que a incomodava. Como ficava essa dor absurda tão bem escondida?! Ficava ali nos seus olhos, à vista.         Parecia que estava tudo errado, ela não podia sentir aquilo, não lhe era permitido cuspir no prato que comia. Aquela dor era uma consequência de seu desrespeito com quem ela devia ser; todo o tempo de sua vida não podia ser desperdiçado por um mero sentimento, ou mais; ela precisava se esforçar mais.         Esse todo inconsistente ficava martelando suas ideias até ela ficar vazia no desespero. Isso era apenas uma inadequação. Podia ser só isso?!

Nó em pingo d'água - Incontinência

Pequena lua Me deixe ser sua Pois assim sou de mais ninguém Me deixe ser um buraco seu Uma falta Uma perda Uma escuridão Não quero mais asas para voar Só quero um chão para me deitar Só quero uma escuridão para me acalentar Só quero uma cova para me enterrar Quero me cobrir Com todos os passos que já demos Quero poder ir quando bem entender Sem medo de me esquecer Cara estrela Me deixe sem nenhum feixe