Autorretrato - Capítulo Onze - Suspendida na estranheza familiar
O tempo voltou. Era uma nostalgia que ela raramente sentia, vieram seus antigos sonhos com o ar gelado que cortou a carcaça de suas mudanças para lhe mostrar quão difícil é se desapegar das coisas que sufocamos para esquecer. O movimento se dilatava no espaço, os momentos induziam flashes de sensações das fotos que ela armazenara no seu piscar de olhos. Uma certa novidade de felicidade ingênua surgia dilacerando seu peito, fazendo suas pernas desconfiarem da paisagem preta e branca na qual se sustentavam. Com a ingenuidade dos seus sonhos ela afogou a criança que brincava na poesia imaginando suas histórias, que vivia no silêncio da multidão, distraindo-se com a realidade que criava e sentia no sorriso de seus lábios. Mais assustador do que ver retratos de perdas, era se sentir numa felicidade gélida que rasgava a criança que ela escondera de si; era se ver como mote criativo para esses retratos, que n...