Autorretrato - Capítulo Dez - Mobilizando angústias

    Ela tomou a decisão de viver a angustia, por mais que tentasse burlar seus medos a cada momento de oportunidade. Assim o silêncio se instalou, e ela foi, mais do que nunca, esse silêncio desconhecido, como nunca se dera antes, ele era brusco, ríspido e áspero, e muito difícil de ser experienciado pela instabilidade do mover que com ele se configurava; e ela gostava de saber das coisas para ter controle na consciência de sua julgada pouca idade, da qual ela facilmente se desvencilhava para em seus esquecimentos mostrar que os desencadeamentos dos fatos vividos pouco se importavam com esse genérico número que quase nada informava sobre sua humanidade.

    Olhares cortantes ela viveu, a raiva de ser inotável, seu cansaço de se obrigar a estar energeticamente disponível para as cargas exteriores que tanto dilaceravam sua sensibilidade, a agonia de inibir certos apaziguadores desejos/atos para poder ser a mudança que queria ver em suas dores. E nesse seu jogo de confronto de conflitos internos, ela confrontou a estabilidade das relações que tinha e era, fazendo os outros se moverem sem saber o que esperar disso, atualizando a codependência das relações para viver as novas lógicas nas transformações dos processos.

    Na agoniante espera de não saber o que esperar ela esteve atenta no presente futuro de seu passado, com companhias que testaram seus medos a dominarem o que ela precisava descontrolar.


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