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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Pingo D'água - Dívida

A dívida É dúvida É fúria Por parte de quem não cabe mais nessa lamúria É o ódio que incendeia as estruturas É toda a pergunta que causa desconjuntura A dívida É a mentira O autoengano disfarçado de inumano A qualidade do que se disfarça a cada ano É a vítima do próprio soberano Categorizando o melhor humano A dívida Seria límpida Se não fosse a cobrança Aquela eterna sensação de falha e desesperança Aquele vínculo Que não parte do afetivo

Publicações - Contos de amor

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    Oi gente! Para quem está me acompanhando pelo instagram deve ter visto que estou publicando alguns livros 😄 Em breve terei alguns exemplares em mãos para disponibilizar para venda (junto com brindes muito especiais que vou fazer!).     Enquanto esse momento não chega, vou compartilhar um pouquinho sobre eles com vocês!     Comecei a escrever "Contos de amor" em 2020, e foi tudo numa sentada só. Depois disso dei um tempo, fiquei envolvida em outros projetos e, quando voltei a lê-lo, achei várias partes péssimas. Reescrevi principalmente a narrativa de duas personagens, pois queria abordar a diversidade das identidades de gênero (e sexualidades também) de maneira potente e fluida, seguindo o ritmo da vida dentro da narrativa. Queria que essas reflexões aparecessem como atravessamentos nas questões das personagens, e não como uma justificativa externa para rótulos e padrões tão marginalizados e estigmatizados.     Espero vocês na próxima semana ...

Autorretrato - Referência

     Tenho medo de me chamarem de burra, de acharem que vou ser um bocado de referências, um amontoado de normas gramaticais das mais cultas, e simplesmente descobrirem que tudo o que estudei só veio da vida, que fui barrada na entrada academicista. Tenho medo de esperarem muito e descobrirem que eu vivo com cada vez mais pouco, será que isso me faz um louco?     Fiquei pensando no que poderia chamar de referência, quem será que assinaria a minha carta de resistência, dizendo que de tudo eu fui apenas uma ocorrência, gravíssima se levarmos em consideração a hora do dia. Quem será que vai assumir que me ensinou, que vai dizer que não se lascou, quem vai ousar dizer que eu sou realmente boa, se isso pode significar que tem alguém que é ruim? Seria esse ódio apenas reflexo de se sentir oposição?     Pensei que ser justo bastaria, mas olha para o mundo, pensar isso é realmente ousadia. Achei que poderia contar com a minha eterna saída... Talvez estivesse c...

É hoje?

Que dia É hoje Era hoje O dia Que se esquecia Que dava nervoso Antes mesmo do que se inicia Era o fim Do dia Que inicia Pensado pela vida Planejado Como alguma corrida Esperado Ou na espera Do dia Que seria Esse dia Hoje em dia Seja hoje Ou algum outro dia

Pingo D'água - Quase

Estou quase Mas é quase mesmo Quase desistindo da vida Quase perdendo o jogo Quase deixando que esse beco seja a minha ruína Quase acreditando que nessa vida vale o troco Quase achando que não deveria Quase com mais incerteza do que poesia Estou quase Na beira do entrave Seja desistência ou passagem Estou pensando naquilo que não toco Mas que está quase

Hipo(crê)sia - Diferente

    Vamos fazer diferente hoje? Sair da rotina, mudar essa cara de quem não entende a vida, parar com essa raiva descabida. É bem isso mesmo! Essa raiva não cabe. Não cabe nas suas tripas, não cabe no mundo, não cabe nesse espaço que te julgam, então já não existe motivo para tal crendice. Quando todas as estruturas dominantes dizem que isso é invenção sua, é porque realmente deve ser, já pensou em agradecer? Se está viva é porque dá para agradecer. Ninguém entende em que margem você fica, acho que porque é melhor nem entender, quanto trabalho querer saber de cada ser que vive. Que baboseira! Essa vida foi feita de alegria, deveríamos fazer mais festas e menos dramaturgia. A quem interessa a voz que narra, se em outra perspectiva podemos simplesmente colocar o conflito como coadjuvante de uma trama muito mais vendida. E antes que me diga que algo deve mudar, o sucesso da venda vem de toda essa estrutura construída através do tempo. Sim! Foi muito esforço para conseguir colocar...

Autorretrato - Dúvida

    Será que sabes, quando duvida, será que ainda confias em mim? Disseram-me louca, acusando a minha fala rouca, mas foi tarde demais, já estava cansada daquela encruzilhada que me colocava sempre a beira da estrada. Estava fora e dentro ao mesmo tempo, e detesto essas oposições contraditórias. Queria muito mais do que ficar calada.     Seria mania, essa sina, querer fugir de tempos em tempos da própria vida? Acusaram-me de injusta, logo quando saí da saia justa, quiseram apontar para a minha falta de jogo de cintura, mas a realidade é que mudara as regras para apostar no que me fazia desejar. Saí da zona do agrado forçado, afinal, já era alvo marcado, independente do resultado.     Agora que fique, aqueles entornos e imundices, seriam apenas a relva de toda essa tolice? Já havia dito que a partida não é um medo, o que fica de receio é a perda da soberania, aquele vício de ciclo que jamais ouvia. Entre ser alvo preso ou alvo solto, prefiro a distância que ...

Pingo D'água - Incongruência

Jurei que seria sorte Corre pro bote Corre que é morte Foge pro lote Que de vazio já te basta o nome Jurei que entenderia Então vai pra correria Caminha na padaria Compra uma estadia Porque invenção não é valentia Jurei que me deixaria forte Então mata ou morre Esconde o decote Vai pra longe do norte Que em direção lhe basta ser consorte Jurei que viveria Então para de gracinha Arruma lata de sardinha Escolhe o que menos se arrependeria Que de liberdade já lhe basta essa sua vida

Hipo(crê)sia - Maré

    É essa maré de azar, culpa das estrelas ou do mar, talvez de tudo o que venha a nos socializar. É só isso mesmo, vida com um amontoado de desejo, passo cheio de tropeço, barriga com fome de conhecimento. Dei azar nessa leva da vida, vim cheia de poesia, mas a moeda que vale não é a que pare, é a de quem parte sem criar valentia, é a de quem não muda, é aquela de quem se ajusta, e acaba que pra mim só é justa, justa de não caber mais, daquilo que nem sabem julgar, de tudo o que tentam apertar. Já até parei de contabilizar a quanto tempo vim, pois parece que nunca saio daqui, mas seria possível, deixar-se partir ainda estando vivo? Cansei de pergunta porque cansei de resposta, de coisa que se inventa na hora, de tudo o que a gente nem sabe que revolta. Farei então agora uma proposta, você solta o lápis e me ouve perto da porta, finge que não sabe que estou em prosa, e então admita a própria loucura, olhe para a sua rachadura, e te deixo uma saída, se não quiser se reconhecer...