É essa maré de azar, culpa das estrelas ou do mar, talvez de tudo o que venha a nos socializar. É só isso mesmo, vida com um amontoado de desejo, passo cheio de tropeço, barriga com fome de conhecimento. Dei azar nessa leva da vida, vim cheia de poesia, mas a moeda que vale não é a que pare, é a de quem parte sem criar valentia, é a de quem não muda, é aquela de quem se ajusta, e acaba que pra mim só é justa, justa de não caber mais, daquilo que nem sabem julgar, de tudo o que tentam apertar. Já até parei de contabilizar a quanto tempo vim, pois parece que nunca saio daqui, mas seria possível, deixar-se partir ainda estando vivo? Cansei de pergunta porque cansei de resposta, de coisa que se inventa na hora, de tudo o que a gente nem sabe que revolta. Farei então agora uma proposta, você solta o lápis e me ouve perto da porta, finge que não sabe que estou em prosa, e então admita a própria loucura, olhe para a sua rachadura, e te deixo uma saída, se não quiser se reconhecer...