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Mostrando postagens de junho, 2021

Hipo(crê)sia - Faz-me rir

     Tem coisas que servem para causar desconforto, é isso e nem mais um ponto. Acho engraçado esse tipo de gente que acha que arte só serve pra aliviar a mente, que tem que ser bonitinho no meu nível de concepção estética. Acho esquisito quem quer o tempo todo apenas o que é agradável. É ridículo, na raíz da palavra, tenho vontade de rir dessa demência seletiva, porque é um desejo de viver raso na vida, a pessoa quer ficar na superfície onde enxerga o ar, não sabe o que é respirar fundo para mergulhar. Agora visualiza comigo, essa mesma pessoa, que quer apenas o confortável, reclama de si mesmo, tentando achar defeito em tudo quanto é lugar, falando quanto a vida é miserável, pois está na superfície dos recursos para sobreviver. É apenas isso que faz, passa sobre, quando deveria ser sobre o viver, em todas as suas instâncias. Acho risível esse gosto previsível, porque não é nem o que é bonito, é apenas o que consideram digno, mas isso não cabe a mim. Vamos deixar que fiq...

Autorretrato - Embriaguez

      Vou deixar de lado essa jornada, como se eu tivesse escolha de não estar em alguma caminhada, vou sentar aqui no canto emburrada. Foi o que pensaram em algum instante, foi o que eu não entendi e assim por diante. Quem diria, não precisava cumprir nenhum papel, pois já estava na vida, e isso não era um resumo, era todo o conteúdo.     Continuo nos mesmos passos, muda o compasso, o ritmo e o esquadro, a perspectiva que não afunila, e ainda assim, são os mesmos passos, não tão diferentes do moço que está do lado. A diferença agora é que a pressa não me ignora, olha-me nos olhos e convida a valsar, como se estivéssemos em um espaço vazio, despreocupada com o que estamos a derrubar. Chegou um ponto em que fechei os olhos e deixei o ritmo me levar.     É exatamente o que não deveria! Construir esse vazio de gente, sem excessos, sem entulhos, sem pesos e sem domínio. Deveríamos ter mais tempo para nos perder no sopro do vento, para sentir o que se mexe ...

Pingo D'água - Aquilo, ou talvez aquela

Não sei se houve um dia em que alguém me viu assim Desmedida Descabida Não sei se foi regra ou exceção Mas queriam na mão Meu corpo Ou me perdão Ninguém quis ao certo dizer que não Acho que só aproveitaram Que seja mal olhado Mas ela vai pro pário Seja na escolta Ou até mesmo morte Não lhe cabe a honra do corte Deveria ter sido sorte Não sei se alguém entendeu da onde vim Só me quiseram meretriz Calada E falante do que queriam ouvir É meio que um desapego Trilhar o próprio sossego Ninguém quer saber o porquê do que está sendo feito Muito menos apreciar Querem apenas que continue sendo Aquilo que não quiseram lhe falar

Hipo(crê)sia - É sério isso??

    Dei o título primeiro só pra não correr o risco, mas continua sendo inacreditável, um ridículo de burrice que deveria ser inaceitável, mas acho que já me conformei com esse estúpido cenário, porque mexer agora no vespeiro pode ser pior do que tentar se manter inteiro. Quem diria que seria a isso que chegaria, resumindo-me a uma contentação descontente de todos esses horrores que fazem com a gente. É falta de alternativa? Ou será que é estratagema pra jogar essa política? A gente vai descobrindo pequenos pedaços de resistência, nesse momento que tudo parece quebrado, inconcertável, a gente percebe o tanto de potência que a gente é, em cada célula, em cada pedaço. Que recurso mais abstrato! Talvez seja essa a solução, pois está parecendo que a racionalidade está em falta. Não vou nem mais perguntar se é sério, porque já cruzaram esse limite incerto, vou me ater ao que resta, a sobrevivência com algum resquício de consciência, que as vezes fico achando que é só demência. Enfi...

Autorretrato - Oi

    Oi. Vim aqui para escrever um texto, dizer que descompassei com a vida, mas foi porque quis mesmo, não vi a necessidade de manter sei lá onde é que eu estava quando comecei se é que esse era o começo tenho certeza que não.     Era só isso mesmo, uma não justificativa que pode parecer como tal para quem quer manter algum tipo de controle; como se a vida fosse um videogame, ou uma sucessão de fases que já deveria acontecer, mas que deixaram de prestar atenção, pois esse é o plano da vida, seguir nesse fluxo de produção sem questionamento ou percepção.     Já não sei mais onde tem hífen e em qual ponto a crase não quis mais se relacionar com a masculinidade, e entendo, afinal, olha pra esse momento. Não vim fazer nexo e nem ser dislexo, não estou buscando algo exatamente concreto, mas esse conceito não é precisamente de ferro.     As vezes só junto palavras porque gosto de combinar alguns sons com pretensão, colocando um sentindo abstrato intangí...

Pingo D'água - Exatamente

Escolhi Escrever Uma Palavra Por Vez Não deu certo Ri de não ter mais nada pra fazer Escolhi Um chamego Proibiram-me de mim mesmo Acho que não agrado Nem percevejo Corri Bem louca Disseram-me mouca É realidade Nasci pronta para não ouvir essas maldades Escolhi Correr Cair Na gargalhada mesmo Lembrei da minha amiga sofrendo Lembrei de todos que são meus apegos Aí Sem escolher mesmo Sorri Fui exatamente feliz

Hipo(crê)sia - Ui, que extremista!

    Hahaha! Vou começar gargalhando já que é pra ver se você entende o que estou a dizer. Como pode?! É a pergunta que mais tenho me feito nos últimos tempos, tem gente vomitando asneiras odiosas por aí, mas EU que sou extremista. Logo eu, tão comunista. Sabe o real problema da sua crítica? Ela encobre todo esse genocídio, todas essas mortes, não tente disfarçar, você é farinha do mesmo saco quando se acha mais merecedor. Isso não existe! A riqueza é passageira, acumular milhões pode ter uma queda brusca do dia para a noite, você já não aprendeu isso? Mas a questão é quem tem lutas que não se vão, direitos  e conquistas que se estruturam através do tempo, então não seja estúpido, queremos o direito de viver! Que existem vários caminhos eu sei, eu quero dizer que todos merecem trilhá-los. Sabe o que é realmente contraditório? Esse seu desejo de morte alheia quando você quer viver, a realidade é que você não merece nem mais e nem menos que ninguém. Você poderia se preocupar...

Autorretrato - Já pensou?

    Você já pensou o que seria se esse segundo fosse seu último segundo? É até um pouco constrangedor perguntar isso agora, pois virou uma possibilidade muito séria, sempre foi uma possibilidade, mas partir agora pode vir com uma tristeza imensurável, aquele pensamento de que isso poderia ter sido evitado. As vezes penso em legado, se eu fosse agora já resolvi que iria sem apegos, mas será que eu deixaria alguma coisa?       Não acho que seja importante se preocupar com isso, só acho válida a reflexão de tempos em tempos, pois quando pensamos nisso entramos numa reflexão sobre nós mesmos, se o que estamos fazendo está nos preenchendo, ou se estamos só passando o tempo. Sabe aquele impulso de fazer o que anseia? Essa realização? Fico abismada quando vejo que muita gente não sabe.     Tudo isso me fez parecer esquisita, e eu meio que não entendia, mas quanto mais pessoas vejo, mais fácil é identificar essa falta que eles tem em si mesmos. Não é uma quest...

Pingo D'água - Vim

Vim rapidinho aqui Fazer poesia Soltar uma rima Dizer o que vi Vim sem pressa por ali Andando ritmado Assoviando o compasso Como o bem-te-vi Vim desde que parti Desentendendo o começo Ainda no meio do bocejo Procurando o guri Vim procurando caqui Com uma fome arrogante Com a ganância ofegante Nem sabia que saí Vim com um belo dum piriri Levando um puxão Sem aviso de antemão Nem sei o que foi em si Vim por aí Esperando o fim Querendo um começo de mim Vim tanto que decidi

Hipo(crê)sia - Experiência

    Esse é o experimento do fim dos tempos, quem quiser que lamente aquela semente plantada há tanto tempo atrás. É isso, a construção de toda essa carnificina foi baseada na ilusão da exclusão, como se você fosse pertencer a todo momento, até o instante em que está sendo necessário extinguir você que era tão considerado. Se ainda estiver lhe faltando tormento pode ser que chegue uma nova onda de desespero, mais uma vitória para quem precisa eliminar concorrência para ganhar a próxima história. Quem conspira com esse tipo de manifestação da vida pode sair de perto, esse ódio é o tipo nojo que me causa estorvo, um atalho para ser tudo o que me desagrada. As vezes penso se algum dia saberei conviver, ainda mais agora com essa experimentação social estapafúrdia, será que vou conseguir tirar a máscara, pra que? Para sorrir outra vez? É ridículo, mas não deu para parar de rir nesse fim dos tempos, é tanta ideia absurda que chego a duvidar se a humanidade realmente sobreviveu todo e...