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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Hipo(crê)sia - A apressada caminhada do tropeço

Por quanto tempo você ficou correndo para os outros estarem andando? Quanto tempo você ficou esperando para os outros estarem cagando? Você já contou quanto tempo levou, em quanto tempo você passou para ficar exatamente onde está? A gente perde a noção da vida quando alguma coisa morre, perde a noção da gente quando esbarra com os pequenos fins, com resultados. É nesse momento que buscamos os acontecimentos dos fatos nos patos! A gente se pergunta as maiores bobeiras, pois demos com a cara na lata, e não entendemos nosso reflexo distorcido, nem lembramos como chegamos ali, em que estado estamos ali, só nos aborrecemos com a queda abrupta do nosso tempo. A gente grita asneiras barulhentas nos ouvidos que passam, reclamando do que acaba por ser a nossa falta de cuidado, o nosso excesso de respaldo. Esquecemos como chegamos ao estrondoso tropeço, esquecemos de nos lembrar como nos enfiamos nesse buraco, porque estávamos correndo para o tempo estar a se deleitar dos outros no seu caloroso ...

Autorretrato - Capítulo Trinta e Sete - A outra face

         Existiam momentos, pequenos sorrisos, doces olhares, carinhos comedidos, palavras suaves. Talvez fosse isso que deixava as coisas mais confusas, podia ser a proteção aparente, podiam ser as aparências sobreviventes. Para quê se deixar levar?! Aí você já se deixou, aí o bonde já andou, a vida já passou e a iminente morte já chegou.         Para ela existia certa plenitude em se deixar morrer aos poucos, em mudar, em se transformar. Essa passagem envolve perdas, nem de todo felizes, envolve ganhos, nem de todo tristes, envolve concepção, que, embora reflexão, não é de toda explicável, imaginável. Essas mortes não definem tempo, mas precisam dessa maturação, necessitam certa obsessão.         Às vezes a gente encontra facilidades que nos arrancam o couro na marra, que coagulam as ideias em nossa cara. Por vezes a gente até entende, o gosto do que encontramos vale a pena que de nós ar...

Nó em pingo d'água - Parênteses

Eu tenho andado com os cabelos mais curtos Eu tenho tido mais surtos Eu tenho andado aos pulos Eu tenho sorrido com susto Eu tenho escapado do mundo Eu tenho morrido como tudo Eu tenho sonhos acabados Esperanças desoladas Finanças inventadas Eu tenho incertezas no futuro Eu tenho incapacidades no passado Eu tenho muitas tempestades Muitas irracionalidades Muitas carências Muitas demências Eu estive falando baixo Sufocando certos calos Eu tenho andado olhando para baixo Mas às vezes Eu só não tenho estado

Hipo(crê)sia - Um currículo lattes e um emprego no fax

O desespero dos prazos que se amarram em laços que damos nos cadarços, às vezes se enroscam no pescoço de maltratados que não souberam se portar de pé. Todo e-mail tem que ser frio, toda palavra tem que ser compreendida, toda verdade tem que ser estabelecida para que o menor possa saber que está errado. Quem manda não é quem quer, é quem precisa continuar o nome e divulgar o lote. O gráfico a aumentar tem um resultado a mostrar justamente a quem não interessa a praticabilidade do uso, e sim o enfeite da produção e as pompas dessa penação. Esqueça todas as respostas que tem a dar, pois as perguntas não vão se interessar. Apenas cumpra os prazos com inúmeros dados descartáveis, recicláveis, cumpra um laudo de extensão à sua coordenação criativa para garantir o pouco que consegue, aquele pouco que te serve.

Autorretrato - Capítulo Trinta e Seis - Permanência oscilante

         O desespero lhe amassava a cabeça quando as coisas não lhe deixavam ir. Ela só queria se livrar do que lhe pregava ataques de pânico, daquela monstruosidade desfigurada que, enlouquecidamente, desaparecia para deixar a felicidade lhe corroer as têmporas e a leveza escorrer ossos abaixo, para então, afundá-la em sua insanidade e deixá-la colidir com os problemas que os outros colocavam para lhe aterrorizar as verdades e comodidades.         Disparavam-se surtos que incendiavam tudo o que podia dizer algo sóbrio em si e de si, tudo que podia levá-la para longe, tudo o que podia deixá-la longe. A cada surto uma parte de si aguentava menos, uma parte de si a deixava para ser menos. A cada descida menos dela subia, mais o nada deixava de existir, puxando tudo o que podia se agarrar a ela para que sua sanidade não a carregasse, que todo o seu peso tombasse e tudo o que era desmoronasse, sem que ruínas sobrassem.  ...

Nó em pingo d'água - Magnitude

Não tenho dúvidas quando choras   Só me pergunto o que em ti recosta Que peso te desola Que dúvida te esfola Não tenho dúvidas quando se controla Quando seu sorriso finge mais que uma esmola Só me pergunto o que de ti você não solta Que sorriso te conforta Ou que resposta aos outros importa Não tenho dúvidas do mal estar Não tenho dúvidas do mal que parece em ti repousar Quais ideias insistem em te assombrar? Porque tanto oras... Se a cada segundo que passa está mais morta?!