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Mostrando postagens de setembro, 2013

Hipo(crê)sia - O preço da esmola que paga a praga

O capitalismo é a puta que se vende por um trocado, é o egoísmo que se garante, é a filha-da-putagem que pisa em cima dos outros. O capitalismo é o mendigo que implora por ter, é a anti-eticidade que vende seu uso para subir. O adorável é o topo. Todo mundo fala que o resto do mundo é alienado. Eu me pergunto quem sou eu para dizer quem e o que você é. Eu não deixo de ter uma opinião, não deixo de ter valores, mas deixo de ver como você, e quem não vê tem os olhos tapados pela alienação. O capitalismo não é o lado bom das coisas, a realidade que se justifica em suas dificuldades. Os discursos constroem esse mundo, essas mentiras. Os discursos constroem a imagem da puta que é mulher, do traficante que é vulgarmente favelado, do preto que é mal falado. A gente se vende para comprar a mentira em que queremos viver, para bancar o preço da realidade que escolhemos. Deixamo-nos ser a pequena massa injustiçada que é a maior, base da sociedade. Talvez porque aprendemos num mundo que se vende p...

Autorretrato - Capítulo Trinta e Cinco - A estranheza da suspensão

         Parecia pouco, e era pequeno, ao mesmo tempo em que desembolava proporções gigantescas, era assustadoramente minúsculo, sem ação, e, por momentos, parecia sem existência. Era forçado, era com consentimento, era com receio, e era desesperadamente sem medo.         Aquela paz que ela fazia cobrir os olhos, o ar que ela fazia entrar com calma, o desespero que ela convidava para sentar e tomar um chá. Ela estava se obrigando a deixar as coisas passarem, sem pressa, sem delonga, sem susto e sem custo.         Parecia tão pouco que ela se perguntava de fato o que era, se é que algo ali existia, pois tanta coisa ainda não mudava. Ela criou outra base para permanecer em pé, com muitas perguntas e poucas dúvidas, escolheu não puxar o tapete, só escolheu tirar os pés. Quis nem saber de certas coisas, nem imaginar certas moscas.         Era estranho o tod...

Nó em pingo d'água - Valia

Talvez eu esteja com os meus olhos vermelhos Mas nem tenho cabelos brancos Minhas rugas já me fazem áspero De tal maneira, Que nem minhas palavras deixam Eu fui para tão longe Que decidi não mais vir Apenas voltei para ter certeza do que fiz Me fiz e desfiz como uma meretriz Para deixar no ralo o meu traço Com o que caço te faço um laço Que em seu pescoço guardo Sem esquecer do que mato Ao cair de lado