Autorretrato - Virada

    É sempre igual, mesmo que sempre mude, parece que existe uma parte de inadequação que não se ajusta. Mais uma dita virada, mais uma passagem de tempo desenfreada, e o que fica? Não sei bem qual vai ser a marca dessa vez, porque parece que há um tempo já não existe mais sossego, quando foi que isso desandou desse jeito? Parece que era ontem que se iniciava a campanha da mais nova crise identitária.
    Nos últimos tempos, e já nem sei mais dizer o quanto esse último significa, a vida virou uma escalada cada vez mais íngreme, e quando parece que estamos ganhando força, sem saber o significado da gravidade, o desespero vira queda livre. Quando foi que as coisas se tornaram esse desarranjo?
    Pensei que não saberia mais viver, mas acontece que não estou sabendo morrer. Será que com todos os lugares no mundo, existe a possibilidade de estarmos presos? Achei que sair correndo seria mais fácil, ou, pelo menos, menos difícil, mas parece que só me embolei na repetição das palavras que entraram em contradição.
    O meu pequeno problema é que fiz tudo o que queria, e agora deveria ser satisfação, mas o mundo parece que vive na minha contra mão. Será que não aguentam a minha felicidade, ou seria a minha liberdade que incomoda? Fico pensando de que serviu estudar tanto se as pessoas sempre acham que sabem mais. Do que é que realmente posso falar?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Autorretrato - Capítulo Vinte e Nove - Os pedidos lacrimejantes

Autorretrato - Capítulo Trinta e Seis - Permanência oscilante