Autorretrato - Hoje
Sabe, foi hoje, bem agorinha mesmo que pensei sobre a insignificância da vida, e talvez eu devesse ter mais dedos para falar, mas parece que esses dedos já fazem estrago suficiente com o que falam, e acaba que a boca nisso tudo nem fica sendo a culpada, então simplesmente pensei que a vida pode não ter razão, talvez ela nem queira discutir. A gente cria o lugar que acha que deveria estar e fica por isso mesmo, tudo acaba sendo uma breve imaginação ou um desejo, acho que a maior questão é saber quem com isso tudo se contentou.
Pode ser que existe quem tenha limite na imaginação, aí não se imagina muito longe de onde está, e pode ser que tem gente que tenha imaginação limítrofe e acaba ficando sempre no limite do que se pode imaginar, sem talvez nunca alcançar. Pode ser que tudo isso já tenha mais que um nome, acho que a grande chance é essa, mas a cada instante a gente pode criar uma nova condição para se estar. Talvez o novo nem exista.
É um pouco perturbador ficar nesse estado, é como deitar no deserto e deixar que o calor prossiga, já que não parece ter muita coisa em volta para se fazer. No mesmo instante em que percebi que a vida é bela, percebi que ela é injusta, pois um instante não se sustenta por muito tempo, então como pode a beleza ser tão efêmera? O que se esvai no instante seguinte talvez não seja a beleza, talvez seja apenas a nossa imaginação em sua constante condição, de criar algo, nem que não seja novo.
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