Autorretrato - Destino
O que será essa imensidão que me afoga em desesperança? Parece que quando o sol acalenta o dia com o seu brilho uma escuridão continua a me invadir, como se eu não fosse capaz de virar luz, de me fundir nessas condições de calor e vida. Seria a morte me chamando para perto, ou apenas dizendo para tudo o que eu não presto?
Quando penso no tempo atrás, parece muito, parece pouco, parece que não tenho mais a noção de tudo o que sou e fui, para continuar sendo. Olharam-me de canto de olho, como se essa minha busca fosse um grito de desespero, mas, pela primeira vez, encontrava-me tranquila repousando à sombra da árvore, acolhida pelo barulho do vento. Será este o meu elemento?
Quando pediram que eu não mudasse, ou que ficasse - perdão a confusão, mas é que parecia a mesma coisa na época -, fiquei incrédula, achei que não era possível uma ousadia dessas. Agora me encontro aqui, sentindo os mesmos nós apertando o pescoço. Como foi que voltei a parar aqui?
Sim, é loucura minha mesmo, sempre foi, querer ser leve, atingir o vento, e ainda continuar com todo esse peso e escuridão. Pela primeira vez fiquei despreocupada, mas parece que não posso ficar assim. Abri os dedos no chão e decidi que permaneceria ali, onde não queriam. Seria agora essa ânsia o destino, empurrando-me para revolver essas prisões? E se vim aqui apenas para ser livre, quem é que vai me conter?
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