Autorretrato - A quem diz
A quem diz essa vontade que tens de imperatriz, de mandar e desmandar como se eu fosse um chafariz, de falar sobre orgulho e sobre amor, quando a realidade é que não te agrada nenhum pouco respeitar o meu ardor?
A quem diz esse desejo opulento, que se considera mais sujeito, que se acha nobre e bem feito, muito mais no direito de atravessar qualquer um que se faça conceito, apenas para sustentar os próprios defeitos como se fossem ouro soprando ao vento?
A quem diz esse domínio disfarçado de convívio, esse controle que considera apenas os próprios confortos, mas se disfarça de pergunta descarada, apenas para te dizer considerada?
A quem diz essa necessidade de me manter presa na teia, de ignorar as sutilezas apenas para me fazer de louca, a boba da corte que serve para o entretenimento daqueles que estão sem qualquer tipo de comprometimento?
A quem diz essa ação de me manter presa na palma da mão, como se um tapa fosse fazer efeito após essa surra de invalidação, de exigir que se faça sem condições de existência, seria para ver crescer e desenvolver, ou simplesmente para me fazer desaparecer?
A quem diz o seu sacrifício velado, quando a cobrança repousa do meu lado?
Comentários
Postar um comentário