Autorretrato - Tudo bem
Não fico pensando muito na história da minha vida, embora fique muito tempo pensando em tudo com a minha própria cabeça, mas algumas poucas vezes tive um lapso da minha vida, como se estivesse fora dela, como uma biografia histórica. Lembrei de alguém que me falou que corpo é ancestralidade, dança é ancestralidade, e me olhou nesse lugar de sujeito histórico, achei engraçado, porque poucas vezes a gente pensa na amplitude que tem, ficamos convencidos que amplitude é dinheiro, mas riqueza não é só material.
Pode até estar parecendo bonito agora, essa descrição nada objetiva e intencionalmente poética, mas tive esse lampejo pensando na dor, pensando em toda a experiência de dor que tive nesse meu caminho. Foi simplesmente isso, um caminho, que poderia ter sido outro, e eu não quis que fosse outro. Escolhi muitas coisas com muita voracidade, com um desejo imenso, e foi o que precisava ser. É como que se o que precisava fosse diferente da escolha, acho que é isso que estou falando, as vezes a gente acha que são coisas diferentes, mas não são. O que precisava você escolheu, escolheu o que precisava, e acabou precisando do que escolheu.
Acho que toda história começa com liberdade, mesmo que pensemos não ter essa consciência, a gente sabe, naquele segundo que escolhe levar um pouco mais de tempo do que o recomendado, na instrução que não segue bem o padrão, naquela nota que desafina e a gente gosta. Com tudo o que tem em volta, a gente se convence de que essa primeira instância é tudo o que não temos, é aí que a gente já sai meio capenga, achando que pode menos, ignorando as pequenas revoltas que fazemos com esse desonesto termo. Levei tanto tempo, e cheguei tão rápido; foram só três parágrafos.
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