Autorretrato - Neblina
Não sabia que era tão difícil para você, achei que nem ia conseguir entender, mas de repente, foi tudo mais simples do que eu pensei. Achei que você sumiria quando me encontrasse na esquina, é o que sempre penso quando mostro a minha neblina, mas me dissipei na mesma velocidade em que caminhei. Sempre corri, não para chegar em lugar algum, mas para sair daqui.
A verdade é que estou farta da vida, cansei desses becos e dessas saídas, mas continuo nessa cena enrijecida. Parece que nada é suficiente, quando falo é demais, quando me calo é de menos, é sempre um tormento, e achei que tudo era um erro absurdo, mas acontece que encontrei, encontrei um monte de você, de mim mesmo, e de tudo o que não estava querendo, tudo aquilo que estava sendo.
Quando me dei conta, olhei para a imagem mais fofa, um contexto de solidão emancipativa, estava desesperada demais para viver a minha vida, então chegou o momento em que travei, e como uma peça esperando para jogar a sua vez, só posso dar um passo por rodada, não tem muito como andar desajeitada, precisei achar uma segurança que fosse precisa, então fechei os olhos e desisti.
Não quer dizer que eu parei por aqui, continuo seguindo, lentamente, se é que isso efetivamente existe, mas só continuei, com uma preocupação extrema de quando será o próximo passo, mas sabendo que não dá para antever aquilo que virá a deixar de ser no mesmo instante que aparecer. Não sabia que era tão difícil para você permanecer aqui comigo, então agradeço por ter vindo, espero que um dia possa ser meu amigo.
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