Hipo(crê)sia - Fiquei com preguiça de pensar em um título

    As vezes canso, pode não parecer, mas canso. Só isso mesmo, canso de ser eu mesmo. É que existe um  monte de fardo pré-concebido, como se tivesse algo certo que fosse juízo. Canso até de ter raiva. Canso de cansar. Alguém me disse que escrever era perda de tempo, que fazer o que quero era uma ingenuidade das mais bestas, que sair correndo era uma fuga sem maturidade, só que tem uma questão, olho para a vida hoje e vejo todas essas fugas mentais, quem foi covarde e agora reclama das próprias escolhas, como se a culpa da vida que vive é do universo, e não da pessoa que dirige. Tem muitas escolhas que não são possíveis de serem feitas, eu sei, não é dessas que estou falando. Quando me olharam torto era apenas medo, não tiveram a audácia de se jogar do precipício, de mergulhar no desconhecido, só eu que fui louco. Não tinha entendido, mas o que queriam era um controle sobre a minha loucura, para me classificar em algum livro ou em alguma pesquisa descontextualizada, queriam controlar a minha riqueza e a minha miséria, que coisa paupérrima. Não tiveram coragem de olhar para si mesmos, e me julgaram por não escolher o mesmo. Essa é a vida que vivemos, um excesso de controle sobre o que não importa, e quando existe uma ação que realmente importa, não é possível atuar no mundo, pois as mãos já estão cheias de amarras. É bem ridículo, de um tanto que fico rindo sozinho, estão reclamando de si mesmos e nem percebem, fugindo das próprias angústias, pois só podemos ter sentimento belos. Quanta asneira, isso é viver numa superficialidade da vida, escolher ficar no raso sentindo exatamente a mesma intensidade. É tedioso! Estão percebendo já. Escolhi os altos e baixos, e todo o caminho entre isso, consigo me lançar cada vez mais alto e mergulhar cada vez mais fundo, é desesperador, mas é vida em sua essência e em toda a sua potência.

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