Autorretrato - Confissão

    Gostaria de saber o melhor lugar para começar a narrativa, que afinca toda a magia da construção dessa vida na sua maneira de descrever. Mas confesso que não sei ser bem assim, precisa nas permanências, já que entendo que viver é um constante mover. Penso em várias coisas diferentes, mas lembro que essa vida é minha e não de toda essa gente, e se não for aproveitar o caminho, o que vim fazer aqui? Viver se basta, e nada mais.

    Tenho ganâncias, arrogâncias, defeitos e conceitos, mas consigo esperar por um momento, mesmo com tudo me corroendo, mesmo com todos os tropeços, aprendi a julgar menos o tempo, só isso, não aprendi a fazer melhor, só me cuidei para deixar de ser. Simplesmente difícil. É isso. Criar abrigo no meio do redemoinho. Quando começo a refletir, vejo que já fui longe demais, estou aqui com cada vez menos bagagem, mas ninguém quer saber, esse não é o tempo da capitalismo, deveria ter produzido mais do que convívio.

    Vim aqui confessar que não gostaria de fazer diferente, e é ridículo adorar erros. Achei que tinha alguma história para contar, mas a realidade é que tenho mais do que consigo imaginar, e tem um mundo por aí produzindo produtos para serem consumidos. É estupidez se desprender da matéria da vida, mas é nesse momento que entendemos que somos a matéria da vida. Gostaria de ter algo melhor para lhe falar, mas viver só é caminhar, talvez te leve ao mesmo lugar.

    Aceitei que não sei bem, e tem quem queira mais saber, mesmo sem nada entender, mesmo sem conseguir querer, como é que vamos nos reconhecer, se essa vida é um eterno querer? Venho aqui divagar, pois é o que mais sei fazer, é o que entendi que a vida deve ser. Acho que está ótimo, e acho que está tudo errado. Se tiver a paciência de se perder, espero que consigamos nos ver. 

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