Autorretrato - Seria vida?

    Queria escrever bonito, fazer poesia, ser artista. Acabei tropeçando em todos os meus medos, rolei no desfiladeiro sem nem entender onde foi o começo. Por que não sei ser toda essa lógica? Não sou estrutura e nem formosura. Deixei a minha vida ser uma espécie de correria, onde não sabia se fugia ou me escondia. Procurei espaço e só achei os estágios que chamamos de vida, que fingimos serem partidas. Corri daqui, mas não fui parar aí.

    Escrevi em ti poesia, as marcas da vida, os espaços da minha saída. Esperei muito tempo para me encontrar caída aqui, ainda com vida. Se tivesse errado os segundos poderia ter me perdido nesse buraco sem fundo. Falaram exatamente em tudo o que eu iria falhar, então tive que travar algumas batalhas para começar. Fiquei tão focada em perseverar, que não percebi o quanto começaram a admirar o caminho que estava trançando.

    Passaram a gostar tanto, pois nem imaginavam essa possibilidade de existir, que começaram a invejar e negativar o que fosse possível. Não percebi que construí uma existência maravilhosa, pois ficava numa eterna batalha com as frustrações dos outros. Só fui perceber isso agora, quando me preocupei em olhar para as minhas questões. Tenho o que muitos não tem. Acho que todo o ódio vem do medo e frustrações dos outros

    Comecei a caminhar mais leve, a correr e desaparecer nos meus tempos. Um medo ficava por perto, mas com o tempo percebi que tudo só fez mais sentido. Acho que sou exatamente isso, preciso fazer todo o sentido, ou então jogo tudo fora e recomeço do zero. Não quero metade, e muito menos porcentagem, recuso-me até a ser contagem. Em vez de esperar, vou caminhar até o que está por vir. Escrevi em mim poesia, todas as marcas da minha vida.

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