Autorretrato - De tudo, meu mundo
Sabe, de tudo, eu esperava ajudar, realmente, construir algo melhor, achei que seria possível. Não esperava tanto caos e confusão, por uma simples ilusão. Não sei mais disfarçar, medir as palavras e enganar, não consigo mais me controlar. Acho que é culpa de ficar muito tempo na minha cabeça.
Não consigo nem pedir desculpas por ter mudado a narrativa, só cabe à mim essa ousadia. As pessoas tem muita falta de preparo para lidarem com seus próprios calos. O que foi que me aconteceu Barba Azul? Achei que deixar a inocência me faria pertencer ao mundo, mas só vejo que não existe realidade em nenhuma mesa.
Sinto que fico me afogando eternamente, de maneira consciente, pois ninguém vive a vida, ela é muito doída. Será que tenho algum juízo na minha mente? Deixo a vida correr que nem nascente, e sinto pressa em me perder na corrente, mas todos preferem ficar dementes, dormentes até que lhe caiam os dentes.
Quando escrevo besteiras chamam de poesia, quando desnudo a minha alma chamam de horror e tristeza. Nunca entendi o conceito de beleza. Gastei horas tentando enxergar além da escória, mas acabei ficando apenas caótica.
Mudei o tom, mudei o som, a narrativa só acaba entrando nesta lista de coisas da vida. Percebi que ninguém fez questão até o momento em que sumi, aí se preocuparam com o que deixei por aí. Não sei se foi bem assim, e, para mim, sempre fica essa questão de fim, nunca sei quando parar de perguntar, quando devo me resguardar.
De tudo, eu sempre espero mais, não consigo sossegar, não sei aquietar. Cada vez consigo menos, e acho isso uma vitória. De tudo, eu só quero estar de cara no mundo, sem justificativa para dar.
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