Autorretrato - Impulso da escrita
Sem nenhum motivo ou aviso, minha mente insana fica a me sussurrar poesias, as palavras começam a fluir e navegar pelo ar, criando um ritmo que embala a pronuncia de cada palavra, e eu não consigo me controlar.
O coração acelera e meu espírito começa a se deslocar de mim. Eu tento interromper o fluxo, o que dura menos de cinco minutos. As palavras começam a me invadir novamente, posso ficar assim por horas. Podem se passar anos, mas essa urgência em escrever não sai de mim.
A inspiração vem como um gato sorrateiro no meio da noite escura, silenciosamente em harmonia, conduz a densidade da minha respiração. Morro por um instante sem perceber, e me eternizo ao impulso do vento.
Começo a fluir em uma vibração diferente, atravesso o tempo e a matéria, alguns criticam esses devaneios, mas eu me emociono com essa viagem no tempo. A arte me traz essa emoção de contemplação à flor da pele. Sinto que não pertenço a lugar nenhum. É maravilhosamente assustador.
É simples assim. É só um impulso descontrolado da alma. As vezes nem percebo que estou em mim mesma, pois flutuo pela imensidão. Já não sei mais o que fazer, é embaraçoso e delicioso. É uma parte de mim que não cabe em mim.
Fico chocada e estagnada na luz do meu luar, na neblina do meu olhar, sentindo o brilho das estrelas, entorpecendo-me por dentro. Desapareço em um tropeço.
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