Autorretrato - Capítulo Quatorze - Entender
É
assustadora essa sua perspectiva de vida, que dizima metade da missa apenas
para caber no pedaço de ódio que te territorializa. Sinto-me louca, pois
gostaria que tivesse o meu olhar, e reconheço a tremenda hipocrisia do meu
pensamento, mas gostaria que você deixasse de existir por um momento.
Cada
vez que penso em todos que estão tão próximos de mim, e que escolheram e
continuam escolhendo, e talvez esta seja a pior parte, essa matriz de ódio para
operar, muitas vezes até a camuflando de bravura, às custas de pessoas como eu,
percebo que você não me entendeu. Nesse momento vemos o quanto as pessoas não
enxergam os outros, muitas vezes nem a si mesmas; o quanto o seu umbigo vale
mais que seus entes queridos. E depois me chamam de 'ensimesmada' por querer um
pouco de silêncio nesse tormento. Pois parece que estamos todos tendo que nos
calar.
Fico a
cada dia mais triste ao perceber o quanto a minha existência é ignorada à custo
do seu frágil ego, desesperado para sobreviver e sobressair seu ódio deslavado
às custas dos amores que tens invalidado. Tudo por causa da superioridade que
acredita ter, e nem percebe o que essa falsa noção te obriga a fazer. És
escravo do seu ego barato.
Pego-me aqui, estupefata em silêncio, pois enxergo tantas
possibilidades, mas toda essa invalidez, de pessoas como vocês, está a nos
matar, e você ainda custa em acreditar. Dá vontade de sair aos berros, e te dar
motivos para me chamar de insana. O desprezo no seu rosto me mata. Perdão, mas
gostaria de não partilhar o mesmo sangue da tua linhagem.
É
assustador o que vejo, só gostaria que entendesse. Você atira suas ofensas
enlouquecidamente sem ver o alvo que está nas minhas costas. Cada dia morro um
pouco mais. Por que me deu a vida se quer tanto me matar?! Espero estar aqui
quando você entender. Ao meu ver.
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