Autorretrato - Capítulo Dez - Padrões

        Aquelas palavras nunca ditas consumiram toda a minha espontaneidade, trancando em uma caixa todos aqueles sentimentos inaceitáveis. Não é preciso ser algo, pois você já nasce sendo; a diferença é que você nasce sendo no interior, no que gostamos de chamar de alma, mas ficamos querendo impor padrões fora, esquecendo que eles só aconteceram porque as almas puderam se manifestar.

        Chega a ser ridículo ter que explicar, mas estamos em uma realidade cheia de medos que se manifestam em ódio e repreensões. É o que nos aterroriza, as vozes dos egos frágeis aos berros querendo calar a manifestação das almas livres, daquelas que não enxergam a riqueza no capital, e sim no esquecido conteúdo. E se nós acabarmos subvertendo o sistema?! Eles tem medo de perder o poder.

        Para sobreviver nesta guerra de domínio e poder, muitos de nós se deixa ser nomeado, tentando quem sabe, ser menos julgado, e talvez, viver com um pouco de honestidade e dignidade. Nunca me imaginei, depois de tantos anos, conseguindo proferir palavras apenas diante do espelho. Parece que os gritos de medo dessa luta pela normalização me tocou a alma com sua disfunção.


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