Hipo(crê)sia - Pesadelos
Desse mundo não me cabe a sujeira ilustrada nesse bando de aparências, pois não me conforta a imundice camuflada de sucesso. Não me convencem esses pratos muito bem lavados, esse excesso de branco que vira escuridão no piscar da emoção. Desse mundo não me cabe esse aperto de modelagem, essas manias de rotulagem, esse exagero de camuflagem. Não me convêm essas tabulações precárias e alienadas, esse absurdo atualizado. Essa tendência às desavenças bipolares, onde se encontra o cúmulo da maldade, nunca conseguiu me mostrar a certeira verdade em sua corja de desigualdade maquiada. Acho que posso até estar errada, mas não me contento com nada disso, ou com tudo isso. Cansa-me essa mania de vaidade, esse falso feminismo injetado com status de polaridades consagradas. Já pensei em um mundo que não separa os moribundos, algo mais humano que parece há muito já ter sido esquecido. Só não o fiz existir, pois me submeteria a todos os mundos, irônico egoísmo. Aí, morreria, maldita e mal vista. Nada absurdamente diferente. Não me cabe tanta coisa, pois já me sinto lotada. Nem a cara que eu tenho me convence. Não mais. E, sem mais nem menos, sou meu eterno pesadelo, sem dedos, sem medos, dotado de exageros.
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