Autorretrato - Capítulo Quarenta e Quatro - Eternizar
Talvez esses olhos confundiram o pouco de sanidade que veio com ela. Que droga! Disseram-me para jamais começar com uma incerteza, pois essas ideias nos levam a um limbo que devora qualquer vestígio de comodidade que nos conforta nesse mundo.
Ah, ela
quis chorar, mesmo sabendo que isso não faria nada mudar, e, quantas vezes
ficou a esperar, sabendo que nada iria mudar. As ações valem pouco para aqueles
que escutam apenas palavras.
Que
parte errou? Só queria se livrar de tudo dela que compôs estas fatalidades que
a fizeram endurecer, cada vez um pouco mais. Com que cara ela teria que
continuar se o vento parecia não soprar para afastar as vozes que lhe
arrancavam a alma, como ficaria com todas essas palavras que estavam sempre a
lhe sufocar?!
Seu
coração asmático tropeçou em um corredor de luzes que fez sua mente gritar cada
insanidade que ele insistia em bombear, estas bobeiras que ele deixava passar.
Faltou o pulmão lhe dar um pouco de ar.
Havia momentos em que um piscar de olhos a fazia eternizar o sorriso amortecido que ela aprendeu a mostrar. Por diversas vezes ela quis apenas que momentos se fossem e não deixassem mais seus olhos acordar.
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