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Mostrando postagens de março, 2015

Nó em pingo d'água - Ladrão de brilhantes

Fiz-me solidão quando me trancafiaram nessa prisão Para achar algum culpado Virei um cupido mal-falado As penas das minhas asas  se queimaram ao me verem ser a ilusão Precisei mendigar e roubar Esgueirei-me pelos muros mais escuros para tentar te encontrar Fiz-me um anjo perdido no momento em que não aceitei meu castigo No segundo em que fui especial demais para ser como os demais Fizeram-me perder seu coração Protegi seus olhos iluminados E pela minha função exagerada me perceberam como o culpado Certas coisas precisam de autorização para serem mudadas E o meu erro foi estar cegamente apaixonado Agora pairo no ar como um fantasma E soluço no piscar dos vaga-lumes Pois estou preso há poucos metros do seu coração E se você algum dia passar Por um instante minha alma vai brilhar

Hipo(crê)sia - Cenário

Covardia é o que ecoa em todos os pensamentos que vejo cruzarem a minha mente. Maldito silêncio que compactuou com todos esses erros! Todas as falas julgamentosas pintaram o quadro que jamais quis ver: o silêncio abraçou a covardia, e ninguém mais conseguiu dizer quem era quem ali. A falta de palavras consentiu com o mofo embolorando todo o espaço, derrubando todas as comitivas para construir um espaço de coragem dilacerada. Com a obstrução de todas as veias, restaram cadáveres desavisados e malcriados, aqueles vermes eficientes. E rastejando aprecio o meu excesso de sanidade que me levou à loucura, transformando-me no silêncio coberto pelo manto covarde a esconder a cara dilacerada pela corajosa e fajuta honestidade, uma pobre comovência esmagada.

Autorretrato - Capítulo Quarenta e Quatro - Eternizar

         Talvez esses olhos confundiram o pouco de sanidade que veio com ela. Que droga! Disseram-me para jamais começar com uma incerteza, pois essas ideias nos levam a um limbo que devora qualquer vestígio de comodidade que nos conforta nesse mundo.         Ah, ela quis chorar, mesmo sabendo que isso não faria nada mudar, e, quantas vezes ficou a esperar, sabendo que nada iria mudar. As ações valem pouco para aqueles que escutam apenas palavras.         Que parte errou? Só queria se livrar de tudo dela que compôs estas fatalidades que a fizeram endurecer, cada vez um pouco mais. Com que cara ela teria que continuar se o vento parecia não soprar para afastar as vozes que lhe arrancavam a alma, como ficaria com todas essas palavras que estavam sempre a lhe sufocar?!         Seu coração asmático tropeçou em um corredor de luzes que fez sua mente gritar c...