Hipo(crê)sia - Sobre a falsidade que te constrói

Para você eu tenho três palavras: NÃO, MUITO OBRIGADA. Não quero ser uma hipocrisia descarada, sua filha-da-putagem mal lavada, sua compreensão homofóbica, seu sentimentalismo vendido, sua flexibilidade imposta. Não ouse por um segundo qualquer que seja, achar que eu não via sua podridão, que eu não ouvi suas mentiras. Não ouse pisar em mim. Conhecimento vem com o tempo e nos dá a sabedoria de como revidar. Pode tratar de engolir os seus complexos recalques pela minha existência, pois o meu silêncio não se abala com a sua voz hipocritamente afinada, com seus cílios de boneca e seu pancake de anjo. Bonecas são ocas. Anjos caem, fazem das suas virtudes seus malefícios. Não quero sua falta de atenção possessivamente ridícula nessa posição de dominação. Lembre-se do quanto você não sabe sobre mim quando me calo. Não quero o último lançamento, não quero o mais caro, não quero roupa de shopping, não quero bairro nobre, não quero carro sofisticado, não quero essa feminilidade do século passado. Sou como estou. Essa sua roupa de beata não me convence. Queria te dizer onde colocar a sua bunda e o que, mas você já sabe, que eu sei. Essa vozinha falsamente ingênua não se vende, sua vida de marca não me deslumbra, por favor, não me consuma. Não ouse achar que pode explodir sua bomba no meu colo para me destruir. Não é ao seu bel prazer que eu vou mudar. Não é com a sua opinião que eu vou concordar. Desista de mandar em mim, pois suas necessidades eu não vou suprir, não me transformarei em suas vontades, não serei culpada pela sua maldade. Não cobrirei suas faltas com o veneno que derramas em mim, te deixarei oca, faltante, errante, pequena, sem plenitude.

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