Nó em pingo d'água - A moral da história
Um belo dia a moral,
calmamente inquieta, estava perambulando uma curta história para passar o
tempo. No caminho esbarrou nos arrogantes valores que, tão certos de sua
importância, tão convencidos de sua riqueza, tão afirmativos de sua
necessidade, grudaram-se no sapato da moral e a acompanharam, seja lá para onde
fosse.
Então a pequenina continuou sua jornada com uma
penca de valores. Pouco mais a frente encontrou os inquietos adjetivos, tão
classificadamente estereotipados, que, um a um, seguiram-na ordenadamente
pelo caminho. E assim continuaram: a moral, os valores, e os adjetivos.
Na diagonal do caminho eles viram as hierarquizadas
funcionalidades, que estavam de mãos dadas com as tradicionalistas idades, uma
tentando ser mais pomposa e sabichona que a outra, uma tentando cobrir melhor o
papel de autoridade que a outra. Essas, aos pares, se aproximaram do grupo.
A moral pensou por alguns segundos porque estava a
frente de todos... Como aquela solitária caminhada se tornara uma procissão?!
Logo com ela, que se achava tão pequenina, um amontoadinho de palavras, o
rabicho de um conto qualquer jogado no canto de uma página qualquer;
destacadamente o final.
Pensativa ela permaneceu ali, sentada, sentindo-se
uma centopeia desarticulada; viu as coisas mudarem, una irem e outros
ficarem, escutou uns dela falarem, e outros rirem... Quando já não sabia mais
quem era, de onde vinha, para onde ia, ou o que lhe servia, lembrou de suas
amigas polares, pedra e água, e se perguntou se as duas saberiam lhe responder
sua encruzilhada: "- Será que pensamento obstinado em mente aflita tanto
vaga até que se limita?"
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