Nó em pingo d'água - Vou-me embora pra Pingardes
Vou-me embora pra Pingardes
Lá sou uma inflexão
Lá a cidade tem meu nome
Na conjugação que escolherei
Vou-me embora pra Pingardes
Vou-me embora pra Pingardes
Aqui sou só reflexão
Lá minha existência é um conjunto de vozes
De tal modo mais que perfeita
Que um distúrbio de multipolaridade
Sendo muitos em um
É extrovertidamente invertido
Pois como um, sou de muitos
E como mudarei
Trocarei meu fim
Colocarei coisas na cabeça
Verei uns me antecederem
Imaginarei outros me procederem!
E quando estiver esgotado
Escorro pra beira do rio
Procuro a minha origem no meio d'água
Pergunto informalmente
Como fazer do futuro um subjuntivo
Vou-me embora pra Pingardes
Em Pingardes tem tudo
São outros sujeitos
Tem um radical seguro
De conseguir aglutinar o infinito com o Ivo
Tem ligação de sufixos
Tem verbo à vontade
Tem gente o suficiente
Pra todas as gotas que querem cair
E quando achar que não vou mais sair
Me enclausurar de jeito
Quando pensar que
Não sou mais gota pra pingar
- Lá sou uma inflexão
Terei meu nome na cidade
Na conjugação que escolherei
Vou-me embora pra Pingardes
(Paródia de: Vou-me embora pra Passárgada, de Manuel Bandeira)
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