Autorretrato - Capítulo Trinta - As bolhas (in)significantes

        Está posta toda a conexão que chamamos de cosmos no ar que respiramos a cada segundo. Estamos por toda a parte ao mesmo tempo em que apenas marcamos a incessante trilha que tomamos como escolha.

        Juntamo-nos aos milhares para sermos completamente diferentes, e nos identificarmos com essa exclusividade em massa. Somos os bilhões que tem a mesma opinião sobre todo o resto, somos os quinquilhões que sofrem os mesmos pesares da vida. Afinal, talvez essa seja a única coisa que compartilhamos.

        Chegamos nesse estado, dentro dessas capsulas que entramos, construímos esse espaço-tempo onde a dimensão se limita em correr desesperadamente para um exato lugar cujo qual nunca chegará.

        De repente, quando escutamos o eco desse buraco em que nos emboscamos, bate uma solidão num reverbero estomacal e nos encontramos em uma imensidão vazia de indivíduos e de nós mesmos. Nesse exato momento nos conectamos numa batida melodicamente forte em sua tristeza. Os que permanecem só o fazem por encontrarem uma força que os levanta da escuridão da queda, por encontrarem a luz que faz significância nessa vazia imensidão atemporal que se espacializa na suspensão da queda.

        Conectamo-nos aos outros olhares quando esbarramos com o significado da humanidade e nos achamos na dificuldade de sentir intensamente.

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