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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Autorretrato - Capítulo Vinte e Oito - O gosto do desajeito

         E então nada! Era como estar gritando sons numa dicção mirabolantemente incompreensível aos ouvidos humanos. Era uma bateção descontrolável. Era uma engasgação abominável. E era tudo junto, confusamente coordenado para fazê-la de marionete dessa esquisitice capenga.         Comedidamente ela caía e se batia. Tentava passar despercebida, e conseguia. O que não conseguia se desaperceber era esse desajeito com o mundo, com todo mundo. Ela permanecia assim, totalmente insana, com muita energia para dissipar em sua autodestruição.         Nenhuma emoção fragilizada ousava dar as caras nesse momento. Nem sua aflição, com suas incapacidades, saía para deixá-la mais leve. Ela ficava rolando de um lado para o outro como um joão bobo, com aquele mesmo sorriso plástico.         Ela achava que já não sabia mentir tão bem como um dia fizera. Seus olhos só v...

Hipo(crê)sia - Quanto tempo foi o tempo quando o tempo passou?

É impossível. Assim. Não podemos nos desligar por um único momento senão perdemos, perdemos os prazos e perdemos o tempo. Aí, belamente, fico surtando, segundo por segundo, me martirizando pelas coisas que não chegam, aquelas cujas quais nem espero. Nessa hora me dá um belo dum mal jeito, me perguntam por que dessas asneiras, e o que respondo? "Só para não perder o tempo que estou vivendo". Porque eu sei que ele não me perde, todo mês lembra do meu RG; e você quer saber? Eu nasci num mundo surtado, loucamente adoidado, porque esperar de mim uma compostura que não conheço?! Não posso me dar ao luxo de perder esse tempo! Preciso continuar indo apressadamente pra lá. Sabe por que existe tanta hiperatividade nas pessoas? Porque não é possível parar sem se perder do rumo, e dá uma enxaqueca danada tentar! Às vezes é bom se perder do rumo, o problema mesmo é perder ele, porque, junto da sua forçada ida, vem aquelas bocas mal ditas que te transformam numa lixeira de tanta baboseira ...