Autorretrato - Capítulo Vinte e Dois - Isolamentos em série

        "Prendemo-nos as palavras, pois elas comunicam; prendemo-nos as pessoas, pois elas se comunicam; e, prendemo-nos as nossas estabilidades e aos nossos modos, pois eles nos comunicam no mundo. Mas, às vezes, parecemos querer saber tanto a origem que nos esquecemos de nos permitir uma disponibilização para uma sensibilização presente".

        Pensando isso, nessa maneira ocidentalmente lógica talvez, ela encontrou as perguntas dos seus medos em afirmações duvidosas. E se ela vivesse demais no seu mundo de tanto tentar compreender as singularidades dos momentos?! Será que adiantava?! Ainda era ela tentando. Mas ela realmente acreditava em um egoísmo coletivo compreensivo. Sempre em sua cabeça um egoísmo, afinal era ela querendo, ela se disponibilizando, ela pensando. Mas isso não significava incompreensões julgadoras.

        E por que tanto ela?! Não se tinha outros olhos que não esses; só se conseguia ter a empatia da aproximação. Sim, existem lugares e lugares, mas para ela a humanidade não tem. E como fica, nesse mundo de produção instantânea, onde só a velocidade importa?!

        Nessa soma de fatores para acompanhar o apressado e inescrupuloso tempo, esquecemos de diminuir o que não nos cabe, mas acrescentamos o que nos anula, estando mais comodamente num sistema de somatória e conectividade; cada vez mais.

        E com isso nos encontramos aqui, ridiculamente sozinhos numa rede de conexões, desabafando com um nada, e, de tantos nadas, somos apenas mais uns na multidão contemplativa.

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