Autorretrato - Capítulo Dezenove - (In)tensão em convite
Por um caloroso "que legal!", fui movida por intencionadas convenções sinuosas até o destino de algumas extensas horas reflexivas meio as apreensões do meu passivo respeito e minha cruel aceitação ingênua. Ao chegar fui recebida por finas vozes brutais que sancionavam o mundo com seus sorrisos amarelos e olhos punidores.
Era um
extenso papel com inúmeras letras miúdas, e, um por um, os resplandecentes
rostos com seus vivos olhos ingênuos eram repudiados e dilacerados por
criaturas hegemônicas dominadoras com aqueles repugnantes sorrisos amarelos que
se orgulhavam em transformar aquelas espontâneas vivacidades em obedientes
choros engolidos.
Cercando todas as possibilidades de liberdade, as orgulhosas meia-idades,
impacientes, repreendiam até o vento que circulava nas oxigenações com suas
crenças retrógradas, impositivas e inflexíveis, que me transportavam para a
idade média da cega punição, ameaçadas por suas próprias intenções.
A
lavagem acontecia na eficiência das inúmeras repetições sensório-motoras, que
distraiam o senso crítico de qualquer liberdade com suas cartilhas de
enquadramento.
Lá encontrei quatro palavras que me absurdaram
com seus impositivos valores: ALCANÇAR, com suas pregações brutais novas
possibilidades que o coletivo aceite como potencialidade; TREINAR, para
automatizar em padrões o que se quer como resposta; EQUIPAR PARA REPRODUÇÃO,
para que as tentações pensantes e pulsantes não desvirtuem o caminho a ser
seguido; e MOBILIZAR, para que façam o que tem que ser feito, reproduzindo o
ensinado em outras reproduções autômatas.
As regras encartilhadas eram sonorizadas desesperadamente pelos vazios preconceitos atormentados pelos seus fantasmas, generalizando seus pseudo conceitos em mentiras que confortam a falsidade que são. Assim tratavam diferentes como miniaturas de si, elegendo como única salvação uma caolha hipocrisia incompleta, tão maldosa quanto seus sociais medos egoístas.
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