Autorretrato - Capítulo Doze - A individualidade da culpa alheia
Era um
aperto cauteloso, que sutilmente se instalava nela toda, comprimindo seu peito
contra a consciência que lhe fugia. Algo parecia estar se concretizando em si
sem ela conseguir ver o que era, logo ali, onde ela não alcançava.
Tudo
parecia reverberar debaixo da sua pele, que tentava, incontrolavelmente,
esconder as angústias para enganar os seus medos encarnados nos outros, as
decepções que seus olhos pulsavam quando não sabiam como agir, mas sabiam como
sentir intensamente os cortes que faziam a realidade penetrar no seu mundo de
fantasias, que, de si, ela escondia na tentativa de, os outros, iludir.
Quanto
menos ela queria, mais tudo lhe afligia, e, a força que ela achava não ter,
faziam suas lágrimas não escorrerem livremente, como costumava fazer com suas
aflições. Essa mudança, que pesava seu olhar no lugar de deixá-la escorrer por
si em seus lamentos, questionava as facilidades que outrora ela teve, e
exacerbava dúvidas sobre qual mudança ela queria ser nos contornos que a vida
assumia.
A
verdade é que as dúvidas que lhe perturbavam a ponto de achar que sua pele
explodiria a qualquer momento de confusa decisão, eram a respeito de com quem
se estava, pois na simplicidade do esvair do tempo ela encontrou a
tranquilidade de poder ser sem precisar saber o que viria, as nuances das
compreensões nas palavras do movimento de viver.
Ela
tinha medo de encarar a realidade, de não ter o que já encontrara, esse algo
que simplesmente a invadiu com uma maneira diferente de sorrir, sem se acusar
das culpas que se criavam por ninguém, e tocavam todos os considerados como uma
verdade absoluta, incluindo-se nos inúmeros ciclos viciosos das relações
individuais.
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